Tempo de Recomeçar - 3° Capítulo




POV MARIANA
Assim que coloquei os pés pra fora do hotel fui invadida por uma sensação estranha, algo como parecendo que minha vida dependeria daquela decisão, parecia que tudo, exatamente tudo começaria a partir de agora. Mesmo sendo estranho me senti bem, tranqüila, meu coração se aquietou no exato momento em que vi uma criaturinha linda de olhos negros me olhando fixamente. Era um garoto, estava no colo da mãe, provavelmente vindo da praia, ele sorria pra mim e jogava os braços na minha direção, não evitei sorrir, ele parecia me conhecer a muito tempo, sua felicidade em me ver era nítida, quase palpável. Claro que tanta inquietação chamou a atenção da mãe, que se virou pra ver pra quem o filho se derretia. Tive que fazer um grande esforço pra disfarçar meu susto, a mulher, apesar de linda, tinha uma enorme cicatriz de um lado do rosto, ela tinha um olhar alegre, um sorriso gentil, era muito bonita, apesar das marcas. Timidamente ela falou:
– Olá, sou Emily, meu filho Luke gostou de você, e olha que é difícil ele gostar de alguém assim logo de cara.
– Olá, sou Mariana, ele é uma graça, acho que foi amor a primeira vista!
Ela deu uma gargalhada e me fitou pensativa. Será que ela achava que era verdade? Nossa, ele é apenas um bebê! Depois de um breve tempo pensando, ela sacudiu a cabeça, como se tivesse espantando um pensamento e voltou a falar:
– Então está de passagem ou pretende morar por aqui?
Perguntas, seria apenas uma das tantas pessoas que eu iria conhecer e que iriam me perguntar da minha vida, suspirei, não tinha alternativa a não ser dizer a verdade, e ela podia me indicar o caminho pro posto, já que, apesar do local ser pequeno, eu não conhecia nada por aqui. Então respondi:
– Na verdade estou indo ao posto médico, tenho uma entrevista daqui a pouco e não faço a menor idéia de onde fica você pode me indicar o caminho? Perguntei esperançosa, dando o meu melhor sorriso. Ser simpática sempre ajuda nessas situações, já que o garotinho não parava de sorrir, a mãe dele também poderia gostar de mim, quem sabe até ser minha amiga futuramente. Ela me respondeu:
– Claro, fica no meu caminho, na verdade eu poderia ter ido pela trilha, mas Luke gosta de passear, então peguei o caminho mais longo. Vamos?
Concordei com a cabeça e me juntei a ela, não resisti e peguei o Luke no colo, ele adorou. O caminho foi curto, apenas três quadras. Passamos pelo centro comercial, que se resumia a uma única rua larga, onde tinham algumas lojas de pescaria, o supermercado, uma farmácia, umas lojinhas de artesanato e roupa, uma padaria e no final da rua a oficina. Dobramos, andamos mais duas ruas e chegamos ao posto. Típico de locais pequenos, todo pintado de branco, rodeado por uma varanda, grandes janelas e uma placa enorme indicando que era o posto médico. Em frente, do outro lado da rua, a escola primária, que lecionava até a nona série, ao lado da escola uma creche, e mais adiante uma livraria pequena, com livros voltados as lendas e tradições da tribo. Emily gentilmente me mostrou e explicou tudo, ela era atenciosa, simples e amorosa. Adorei sua companhia, ela me convidou a ir a sua casa em outra ocasião, seria mais duas quadras dali, dificilmente me perderia, ela falou ser casada com Samuel, mas que todos conheciam como Sam, qualquer um saberia me informar qual casa seria a dela. Após devolver o Luke a ela, agradeci por tudo, dei um beijo na bochecha do garoto e me despedi, virei e fui em direção ao posto. Meu coração se acelerou novamente, agora minha sorte foi lançada.
Ao entrar no posto me deparei com uma Senhora muito simpática, com traços fortes, um cabelo a altura dos ombros, com uma expressão cansada, mas sem perder o grande sorriso. Quando me viu, parecia já saber de quem se tratava, levantou e veio em minha direção, e eu, imediatamente me apresentei:
– Boa tarde! Sou Mariana Sanches, vim para a vaga de enfermeira, sei que estou um pouco adiantada, mas estava ansiosa, por isso resolvi vir logo. Ela me olhou, alargou ainda mais o sorriso e disse:
– Seja bem vinda minha filha, sou Sue Clearwater, sou membro do conselho, na verdade foi bom você ter chegado cedo, eles já estão esperando, podemos começar agora se não se importa.
Por essa eu não esperava, eles já estavam me esperando, agora não tinha mais volta, era tudo ou nada, apenas concordei com a cabeça e a acompanhei, pra outra sala onde vi mais duas pessoas me esperando. Um Senhor muito velho, com uma expressão muito forte no rosto, parecia exalar sabedoria, que se apresentou como Quil Athera, e outro Senhor, não tão velho, mas com as mesmas expressões e uma voz de trovão, que se apresentou como Billy Black.
Depois das devidas apresentações sentei e respondi uma série de perguntas, eles queriam saber praticamente tudo, meu passado, porque La Push, minha experiência, em fim, tudo que pudesse ser relevante. Olharam meu currículo, eu sempre tive boas notas e quando me formei no curso técnico de enfermagem, fiz um estágio de seis meses no hospital, ganhei boas recomendações da enfermeira chefe e de alguns médicos, o que fez eles me fazerem a pergunta que eu mais queria evitar, mas como foi inevitável tive que responder.
– Então Srtª, com este currículo, poderia ter ficado trabalhando em Boston, no hospital, perto de sua mãe, de sua casa. Porque vir pra tão longe? Fui Billy quem perguntou, respondi:
– Sinceramente, não queria viver mais naquele lugar, perder meu pai foi horrível, um momento dolorido, tem muitas lembranças, depois foi minha amiga que morreu e pra completar minha mãe casou novamente, com alguém que, bom, não me agrada. Ela tem o direito de fazer o que quiser da vida dela, mas não quer dizer que tenho que estar por perto, não é verdade? E depois, vi em La Push uma boa oportunidade pra novas experiências, ver gente nova, lugares diferentes. Levo minha profissão a sério, gosto da calmaria do lugar, de ter contato com as pessoas, se tiver a oportunidade de mostrar minha capacidade, tenho certeza de que não irei decepcioná-los.
Depois disso, eles pediram para que eu me retirasse e ficaram conversando, fui pro lado de fora do posto, observando as pessoas passando, indo e vindo, alguns me olhavam e cochichavam, outros nem prestavam atenção em mim, eu fiquei pensando no meu pai, em como ele gostaria daquele lugar, olhei a floresta que rodeava tudo, o ar puro entrando nos meus pulmões, bom, eu não sabia o que eles iriam resolver, mas com certeza visitaria aquele lugar mais vezes. Mais ou menos meia hora depois, Sue me chamou e voltei a ficar na frente dos anciões, então Billy e falou qual foi à decisão deles:
– Srtª Sanches, resolvemos fazer uma experiência com você por três meses, terá contato com as pessoas, trabalhará com a Sue, nossa enfermeira chefe, ajudará no que for preciso, claro, dentro da sua função. Depois desse período, se for aprovada nós a efetivaremos e depois poderemos permitir que compre uma casa aqui se for do seu interesse, mas já vou avisando, nada muito grande ou expressivo, pois os terrenos maiores são preferência dos nativos. Está de acordo?
Não consegui conter o meu sorriso, claro não era definitivo, mas já era um começo, pra quem nem sabia se seria aceita, fiquei tão feliz e respondi:
– Obrigada a todos, vou dar o melhor de mim pra não decepcioná-los e fazer por merecer a sua confiança. Tenham certeza de que não vão se arrepender.
Sue me abraçou, parecia realmente feliz por me ter ali, me senti bem, reconfortada, depois ela falou:
– Minha filha, onde vai ficar por esse tempo? Pretende alugar alguma coisa?
Realmente não tinha pensado nisso, ficar no hotel por três meses ia ser muito caro, e não seria muito agradável. Talvez ela pudesse me ajudar me indicar algo. Falei:
– Na verdade, tenho um quarto alugado no hotel por três dias, mas se tivesse uma casa pra alugar seria melhor, teria mais privacidade e não seria tão caro, a senhora saberia de algo pra mim? Ela sorriu satisfeita, com certeza ela sabia:
– Bom, minha amiga Estela tem uma casinha pra alugar na mesma rua do hotel, ao lado na verdade, na rua de frente pra praia, já está com mobília, podemos falar com ela e fazer um preço bom pra você, e depois, se você passar do contrato e tiver interesse, vemos outra coisa. O que acha?
– Nossa seria ótimo, nem sei como agradecer! Então ela disse:
– Vamos, ela mora aqui perto, deve estar em casa a essa hora, assim temos tempo pra acertar os papeis, a propósito, você começa na segunda, então tem tempo pra se organizar.
Despedi-me dos outros anciões e acompanhei a Sue, uma mulher forte e decidia exatamente como eu quero ser, essa coisa de ser frágil e depender de homem pra tudo, ta fora de questão, foi andando conversando e assim como Emily ela me falou do lugar, e de sua família, falou da filha que estuda em Seattle, do filho que trabalha na oficina, que por conhecidência me atendeu, falou da morte do marido, das dificuldades que teve depois disso, em fim, fiquei tão entretida que quando me dei conta estávamos na frente de uma casa relativamente grande, pintada de azul claro, com as janelas azuis escuro. Dela saiu uma senhora muito bem apessoada, com um sorriso simples e um olhar carismático, Sue nos apresentou, falou sobre a casa e ainda me conseguiu um bom preço pro aluguel. Nossa tenho que admitir, ela sabe o que quer.
Depois de alguma insistência de parte dela, fomos até a sua casa, tomamos café com um bolo de chocolate que tava uma delicia e quando me dei conta já estava anoitecendo, disse a ela que tinha que ir, pois tinha ficado de passar na oficina pra ver o carro, queria ver o orçamento. Antes de sair, ela me convidou para um lual que teria na reserva, uma festa na fogueira, tradição do lugar, assim eu seria apresentada para algumas pessoas e teria oportunidade de interagir com elas. Aceitei o convite e agradeci, seria amanhã à noite, com certeza interessante, nunca fui a um lual na minha vida, teria que me acostumar com essas coisas que pelo visto era tradição deles.
Após sair da sua casa me dirigia oficina, o lugar era pequeno, dificilmente me perderia, talvez mais um dia e já conheceria tudo, já estava começando a sentir frio e pra completar do nada, começou a chover o que me fez correr e entrar na oficina, esbarrando em algo quente, senti que fui segurada pra não cair, quando levantei a cabeça ainda zonza pelo impacto me perdi naqueles olhos negros, aquela pele quente e morena, meu coração perdeu uma batida e depois bateu tão rápido que podia escutar, o susto foi imenso, não esperava, não sei dizer o que, mas alguma coisa mudou em mim, a partir daquele instante, me senti diferente. Quem será esse estranho que me faz sentir assim?
POV JACOB
Depois de alguns segundos nos encarando, me dei conta de que ainda estava agarrando ela, então perguntei:
– Você ta bem? Machucou? Posso te soltar agora? Ela me encarou pensativa, processando o que eu tinha dito e respondeu:
– Sim, tudo bem, desculpe, eu corri por causa da chuva não deveria ter vindo correndo, poderia ter machucado alguém, não foi minha intenção.
Ela suspirou e se afastou de mim, o que me deixou irritado, pois não queria solta-la ainda, me repreendi, afinal de contas, é uma garota estranha, linda, mas poderia ser complicada, vi o quanto ela ficou afeta por mim, o que não é novidade, a maioria das garotas ficam assim conosco, mas senti uma coisa diferente. Automaticamente lembrei-me da Bela, a mesma pele branca, a mesma sensação. Devo estar louco, não, dessa vez não vou me deixar levar, não quero passar por tudo aquilo de novo, essa estranha não vai conseguir acabar com o muro que levei três longos anos construindo, vesti uma máscara dura, não podia me permitir baixar a guarda, se ela percebesse que me afetou poderia dar falsas esperanças e não permitiria isso, não gostaria de fazê-la sofrer, apesar de nem conhecê-la. Ela pareceu notar meu debate interno e então abriu um largo e sincero sorriso e disse:
– Hei, tudo bem mesmo? Machuquei você? Olha desculpa, normalmente não sou tão desajeitada, mas o chão esta molhado e bom, você parecia uma muralha, nossa, como vocês são altos por aqui, deve ser algo na água ou na comida. E eu que sempre fui considerada alta na escola sou uma anã perto de alguns de vocês.
Ela disparou a falar nervosa, gesticulando e olhando em volta, foi quando me dei conta que não estáva-mos sozinhos, ela olhou pra traz de mim e falou:
– Oi Seth, vim pegar o orçamento, na pressa atropelei o seu amigo, acho que vai precisar dar uma checada nele, devo ter variado alguma coisa!
Seth me olhou interrogativo, apenas neguei com a cabeça, respondi:
– Não se preocupe, é preciso mais que isso pra me avariar. Ela deu uma gargalhada espontânea e falou:
– Fico feliz por isso, pelo que sei La Push não ia querer ficar sem o seu mecânico preferido, sem ofensas Seth.
Dessa vez fui eu quem gargalhou, não me contive e perguntei:
– Quem te disse isso? De onde veio essa idéia? Ela pareceu pensar por um minuto e disse:
– Billy Black, seu pai não é? Falei com ele agora à tarde, no posto, e com sua mãe Seth, a Sue. Na verdade eles ficaram discutindo pra ver qual dos dois era o melhor, mas Sue reconheceu que Jacob tinha habilidade natural e se rendeu. È esse seu nome não é? Prazer Mariana!
– Sim sou eu o Jacob, mas como você sabe? - Ela ainda não conhecia três das quatro pessoas que trabalhavam ali, como poderia saber que sou eu o Jacob? Ela respondeu:
– Seu pai me disse que quando o visse saberia que era você, pois seria o mais alto de La Push, bom, não vi os outros garotos ainda, mas se tiver alguém mais alto que você deve ir pro guines, pelo amor de Deus, você é quase um gigante!
Dito isso, ela e o abusado do Seth começaram a rir e não pararam mais, então falei:
– Seth deixa de gracinha e trás o orçamento pra ela, a chuva vai piorar e ela vai tomar um banho pra voltar pro hotel.
Ele nem discutiu, foi com ela até o escritório e ficou explicando tudo, pelo que ouvi, ela concordou com o preço, visto que o carro era do pai dela, faria questão de arrumar. Também ouvi que ela foi aprovada na entrevista e que Sue já tinha arrumado uma casa pra ela ficar, Embry veio ao meu lado e disse:
– E aí, aprovou a gata? É simpática né? Olhei pra ele e respondi:
– Muito simpática, mas não quero saber de encrenca, to legal de garotas enchendo o saco, e de mais a mais a última forasteira que me interessou foi o maior desastre, então, deixa quieta. Embry me olhou, com aquela expressão e disse:
– Jake, mano, você tem que superar isso, não é por que uma mulher te magoou que as outras não prestam, a menina pode ser legal, quem sabe cara, se dá uma chance!
Eu já sabia exatamente aonde aquele papo ia dar, então cortei de cara:
–Embry, mais uma vez eu digo: para de ficar tentando me arrumar mulher! Eu curto algumas de vez enquanto e ta muito bom assim, não quero me amarrar, o amor ta fora de questão pra min. Põe isso na sua cabeça!
Ele suspirou, levantou as mãos em sinal de rendimento e disse:
–Ta bem cara não ta mais aqui quem falou você quem sabe, mas acho que em algum momento alguma garota vai te pegar de jeito, é inevitável, se você ficar assim só vai sofrer mais, às vezes admitir é mais fácil que negar evita muita coisa.
Eu sabia que ele tava certo, mas não dava pra simplesmente me jogar aos pés de alguma garota e dar à cara a tapa, teria que ser algo construído aos poucos, e sinceramente, meu humor não colaborava muito, pois as garotas fugiam depois de alguns dias por eu estar sempre carrancudo.
Não vou negar que gostei dela, com certeza ela mexeu comigo, seu cheiro de jasmim delicioso, sua pele macia, os olhos encantadores, mas dessa vez terei mais cautela, ir com calma, pra não me machucar, nem machucar ninguém, o medo ainda é grande dentro de mim e não me sinto preparado pra me envolver com ninguém a sério. Na verdade, a muito não me sentia assim, nem nada parecido, normalmente uma garota era só uma garota, muitas delas eu nem lembrava o nome, quem dirá o cheiro. “Calma Jake, calma, vai de vagar!!!”
Depois de tudo acertado a vi saindo com Seth do escritório, que já estava atrasado pro encontro que teria com Renata, que ele vive dizendo que não é namorada dele, mas não sai da volta dela, o garoto gosta de se enganar. Como eu vi que a chuva não iria parar tão sedo ofereci uma carona que ela aceitou prontamente, eu sei que tenho que ser cauteloso, mas não custa ser gentil não é mesmo!
Fomos até o hotel, coisa de uns dois minutos, ela agradeceu e saiu, ao chegar à porta acenou e entrou. Fiquei parado olhando cada movimento dela, um arrepio percorreu meu corpo: - é Jacob Black essa garota realmente mecheu com você, vai devagar garoto pra não quebrar a cara outra vez.


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