Tempo de Recomeçar - 4° Capítulo


POV MARIANA
Depois de me despedir do Jake, tratei de subir logo pro meu quarto, pra tomar um banho quente e espantar aquele frio que já tava me incomodando, teria que me acostumar com esse clima, mas na verdade meus pensamentos ficaram presos naqueles olhos negros, naquele corpo quente, muito quente. Deve ser algum problema genético ou algo assim. – Calma Mariana, você mal conheceu o rapaz, vai com calma, homem bonito da muito trabalho, e ele com certeza já deve ser comprometido.
Acabei o banho, coloquei uma roupa quente e fui pro restaurante, já estava na hora do jantar e minha fome veio, contudo, não comia uma refeição descente há dois dias, só lanches e sucos, meu corpo tava pedindo comida de verdade. Devidamente alimentada, subi e fiquei observando o mar da sacada, a chuva já tinha parado. Tive vontade de ir à praia, mas a noite tava bem escura e como não conheço praticamente nada, fiquei com medo. Depois de certo tempo resolvi dormir, me aconcheguei na cama confortável e quentinha, deixei a inconsciência me tomar, meu corpo relaxou. Sonhei toda noite com aqueles olhos negros, aquele sorriso lindo e aquela pele quente.
Acordei com o sol invadindo o quarto, o barulho do mar, o canto dos pássaros, fiquei fascinada, levantei, fui ao banheiro, fiz minha higiene e troquei de roupa. Coloquei um moletom e uma camiseta bem confortável e tênis, pois caminharia um bom tempo hoje, definitivamente conheceria tudo, ou ao menos a maior parte. Fui até a varanda pra olhar o caminho até a praia, então desci, tomei café da manhã e fui pra uma caminhada matinal. Segui a trilha e logo já podia ver as ondas, por incrível que pareça tinha sol, o mar agitado, os penhascos ao sul, as árvores curvadas do vento, eu estava enganada, La Push não era bonita, era linda! Definitivamente meu novo lar, mais uma vez lembrei-me de meu pai e sorri com certeza esse lugar é a cara dele.
Caminhei sem rumo à beira da praia, vi várias trilhas pelo meio da vegetação, provavelmente davam pra vila, mas não me arrisquei em segui-las, não enquanto não conheço nada direito. Nem me dei conta do tempo passando, fiquei contemplando tudo, maravilhada e de repente senti pequenas mãos agarrarem minhas pernas, era o pequeno Luke, que sorriu abertamente quando me viu e pediu colo. Logo atrás vinha uma mulher, jovem, grávida de uns seis meses, chamava por ele, mas foi em vão, ela me olhou sorrindo meio tímida e disse:
– Oi, eu sou a Kim, desculpe por isso, mas acho que ele gostou mesmo de você não é? Mariana? A Emily me falou que conheceu você ontem.
É claro que ela sabia quem eu sou, aliás, todos já deviam saber e de certa forma é até mais fácil, não me abalei por isso, olhei pra ela, dando um grande sorriso e respondi:
– Sou eu mesma, acho que esse amiguinho aqui é meu fã! É um prazer conhecê-la. Onde está a Emily? Você veio só com ele?
– Sim, ela está em casa fazendo o almoço, tem muito trabalho hoje, por causa do lual, então sai pra dar uma volta com ele, assim ela pode fazer as coisas em paz.
– A Sue me convidou pro lual, mas não disse que horas será, nem onde, esqueci de perguntar.
– Sem problemas, será aqui mesmo na praia, deve ser por volta das 20h00min e se você quiser, pode ir lá dar um oi pra Emily, assim me ajuda com esse mocinho, pois ele corre muito e com esse barrigão fica difícil acompanhar. O que você acha?
– É uma ótima idéia, gostei da Emily também, ela me convidou pra fazer uma visita, já unimos o útil ao agradável.
Então fomos por uma trilha que como eu suspeitava dava pra vila, vimos várias casas, a da Emily era uma clarinha, com muitas flores na varanda, muito bem conservada. Quando entramos na casa percebi que apesar da simplicidade era tudo extremamente limpo e arrumado, o cheiro da comida fez meu estômago roncar e o da Kim também, segundo ela, a comida da Emily era ótima, ninguém resistia. Logo a Emily apareceu e nos recebeu com um grande sorriso, Luke é claro não quis sair do meu colo, acabei ficando pro almoço e dei comida na boca dele, adorei o garoto, muito fofo mesmo. Depois do almoço ele foi dormir um pouquinho e eu fui ajudar com as coisas pro lual, Emily não queria me deixar fazer nada, mas consegui convencê-la.
Naquela tarde conheci mais algumas pessoas, Raquel esposa do Paul e irmã do Jacob, o Paul, o Jared marido da Kim e Sam, marido da Emily. Aqueles casais exalavam amor por onde passavam, eram totalmente apaixonados e felizes, deu até vontade te ter um namorado pra ser amada assim. Não sei por que, mas esse pensamento me levou novamente aqueles olhos negros e senti uma enorme vontade de vê-lo, deveria esperar até o lual, mas um medo percorreu minha mente: – Será que ele é comprometido?
Fui desperta de meus pensamentos quando ganhei um beijo estalado na bochecha, era Seth, todo risonho, debochando da minha cara de espanto, ele disse:
– Mariana, você é rápida, já se entornou com a galera, ta certo que eles são legais, mas geralmente leva mais um tempo!
Passado o susto do beijo respondi:
–Agradeço ao Luke, que é meu fã e sempre que me vê não me larga, acho que conquistei o coração do garoto!
Sam olhou pra esposa com uma expressão curiosa, mas não falou nada. Após um tempo, despedi-me de todos e fui pro hotel, tinha que tomar um banho e trocar de roupa, queria ficar bonita e confortável. Paul me disse que levaria um violão e adorei a idéia, não sou uma grande cantora, mas me arrisco de vez em quando. Dessa vez voltei pela rua, foi fácil localizar o centro comercial, pois a escola é vista de longe, então passei na frente da oficina que pra minha tristeza estava fechada, sem sinal de movimento lá dentro, meu coração ficou apertado, mas a esperança de vê-lo no lual era grande, então me animei e fui me arrumar.
Uma hora depois, já de banho tomado, devidamente arrumada, com uma calça jeans justa, uma blusinha de linho com gola V e uma jaquetinha jeans, e claro, meus tênis inseparáveis (conforto é tudo pra mim), me dirigi a praia. Como a Kim falou foi fácil achar, pois vi a fogueira ao longe e a música trazida pelo vento não deixava dúvidas que era o Paul cantando, meio desafinado, mas tinha boa vontade.
Pra minha decepção Jacob não estava lá, olhei em volta, não falei nada, deveria estar ocupado, ou chegaria mais tarde. Vi praticamente todos que já conhecia, e algumas pessoas novas, como a Renata que tava com Seth, o Embry, que também é da oficina, mas não tínhamos sido apresentados, a Michele que tava com ele, o Quil que estava com uma garotinha, a Claire. Os anciões também estavam lá, algumas pessoas de fora que passavam e ficavam admirando a festa e acabavam interagindo com todos.
Totalmente diferente de tudo que já vi! Fogueira, barraca com bebidas, barraca com comida, gente dançando, cantando, namorando ou apenas conversando. Luke obviamente correu pro meu colo onde ficou até dormir, eu logo me enturmei com a mulherada, me sentia em casa, conversamos de tudo um pouco, quando de repente uma voz rouca chamou minha atenção:
– Boa noite, desculpem o atraso, mas essa moça aqui parecia uma noiva, mais de duas horas só arrumando o cabelo.
Meu coração disparou quando ouvi a voz, e ficou apertado com o que ele disse. Então minhas conclusões eram certas, ele era comprometido e com certeza tinha ido buscá-la, por isso a oficina estava fechada quando passei. Quando meus olhos encontraram os seus, senti que ele também me procurava, mas estava hesitante, parecia ter medo. Tinha algo errado, não sei o que, mas apesar de acompanhado não parecia feliz, diria que estava até entediando, e ao me olhar, baixou os olhos e foi pro outro lado, nem se quer chegou perto de mim, então Raquel falou:
– Já conhece meu irmão? O viu na oficina?Soube que seu carro foi deixado lá.
– Sim, nos falamos ontem, só ainda não conhecia a sua cunhada, muito bonita ela.
Disse tentando ser educada e querendo mais informações.
– Ah, não, ela não é minha cunhada, é só uma periguete que fica com ele de vez enquanto.
– Então ele não tem namorada? Já sei, é um galinha!
Não pude evitar minha decepção, achei que ele pudesse ser melhor que isso. Ela me olhou com um pouco de raiva e disse:
– Não fale do que você não sabe, meu irmão já sofreu muito por amor. Ele sempre foi sincero e verdadeiro, mas se decepcionou e agora tem medo de se machucar. Não julgue o que não conhece, com o tempo vai ver que ele é uma ótima pessoa, um irmão maravilhoso e um grande amigo.
– Desculpe.
Foi o que consegui dizer a ela, sua expressão suavizou e disse:
– Não, que é isso, me desculpe você. Não sabe de nada, quem vê de fora acaba tendo uma impressão errada mesmo.
O resto da noite passou sem maiores problemas, resolvi ficar quieta e não falei mais nesse assunto. Emily levou Luke pra casa, às pessoas foram se recolhendo e em pouco tempo foi ficando apenas os casais. Como eu não estava a fim de segurar vela, e muito menos a fim de vê-lo com ela, dei boa noite a todos e me recolhi pro hotel.
Sue falou que amanhã já poderia me mudar pra casa, então teria algumas coisas pra fazer. O pior foi que a última imagem que tive da noite, foi ele beijando a tal garota. “-É Mariana, não seja masoquista, pra que ficar olhando”.
Fiquei curiosa em saber o que tinha acontecido com ele, pois a tristeza em seu olhar era nítida. Teria que dar um jeito de descobrir isso, não seria difícil, lugar pequeno, todos sabem de tudo, mais sedo ou mais tarde eu ia acabar descobrindo. Quem sabe eu poderia mudar a tristeza daquele coração? Quem sabe eu possa fazê-lo mais feliz? Afinal de contas, ele é super interessante, poderia unir o útil ao agradável, não é? Na verdade não sei o que estava acontecendo comigo, mas precisava desesperadamente fazer aquele homem feliz e com certeza eu daria um jeito pra cumprir o meu objetivo.
POV JAKE
Depois de largá-la no hotel, fui direto pra casa, minha cabeça tava cheia, precisava colocar os pensamentos em ordem, o que era difícil, pois seu cheiro invadiu meu carro, me fazendo pensar ainda mais nela. Afinal de contas quem é essa garota que chegou de repente pra mexer com a minha cabeça, e porque eu não paro de pensar nela? Meu Deus, eu á vi a poucas horas e parece que já ta enraizada dentro de mim. Será que aconteceu comigo? Não pode ser? Será que é a minha impressão? Precisava fazer alguma coisa, não podia ser, não estava preparado pra isso, ainda não. E se não der certo? E se ela não me quiser? Fui pra casa quase sem perceber, entrei e nem dei boa noite ao meu pai, estava apavorado.
Após jantar e tomar um banho liguei pra Sabrina, uma gatinha que tinha conhecido em Forks outro dia, queria me distrair, pra meu azar, ela não tava, saiu com o namorado. Não me parecia certo, mas eu tava desesperado. Liguei pra Débora, mas ela não podia sair, pois tava de babá pro sobrinho. Aproveitei pra convidá-la pro lual, pelo menos não iria sozinho e não faria nenhuma besteira, ela como sempre aceitou, me daria tempo.
A Débora é uma garota legal, agente tem ficado nos últimos seis meses. Ela é mulata, tem um corpo lindo, muito quente, nossa, me leva nas alturas, mas longe de ser uma paixão ou um amor. Ela não pega no meu pé, me deixa a vontade e ta sempre a minha disposição, mas acho que ela tem esperanças de um dia ter algo mais sério. Pra falar a verdade já ta na hora de romper com ela, pois não quero me envolver e não é justo ficar iludindo a garota, principalmente agora que certa fulaninha esta se apoderando dos meus pensamentos e provavelmente da minha vida, faria isso amanhã, depois do lual, a final não sou nenhum cafajeste.
Estava na sala, pensando na vida quando ouço a cadeira de rodas do meu pai, ele vinha falar comigo, tinha um sorriso no rosto, provavelmente vai falar algo sobre a nova moradora, pois sempre que aparece alguém novo ele pega no meu pé, mal sabe ele do meu debate interno, ele disse:
– Jake filho, já conheceu a Mariana?
– Sim pai, ela foi à oficina, o carro dela deu problema, agente vai arrumar.
– O que achou dela?
– Bom, não falei muito com ela, parece ser legal, é cedo pra dizer, por quê?
Tentei disfarçar e não demonstrar o meu desespero.
– Sabe filho, eu gostei da moça.
– A pai, lá vem você outra vez!
Não queria ele pegando no meu pé!
– Eu sei filho, não vou negar que queria ver você com alguém e feliz, também sei que exagero às vezes.
– Às vezes? Qual é? Se pega no meu pé o tempo todo!
– Mas dessa vez é diferente.
– O que tem de diferente? Posso saber? Já sei, os espíritos te avisaram algo? Ou você ta com um bom pressentimento? Ou ah...
– Jake pare! Deixa-me falar ta bem? Olha filho, eu sei de tudo que você passou por causa da Bela, sei que foi difícil saber que ela preferiu um vampiro, que você sofreu muito e tudo mais. Mas é sério, já faz três anos e você tem que seguir à diante. Não se esfregando com qualquer uma por aí, ou iludindo uma pobre coitada. Você está causando aos outros o mesmo sofrimento que causaram em você e isso não é legal. Ou você achou legal quando passou por isso? Olha filho, eu amo você e to ficando velho, ficaria muito feliz de te ver bem, com uma mulher que te ame, te respeite e te valorize. Não to dizendo que você tem que correr pra ela, mas, seja quem for que te agradar dê uma chance, tente, se não tentar não vai saber se é bom ou não. E também, quando olhei pra ela, eu tive um bom pressentimento, não sei dizer, parecia familiar, foi uma sensação boa.
–Nossa, dessa vez você caprichou no discurso.
– É sério rapaz, a Mariana é uma moça legal, ela perdeu o pai cedo, a mãe casou novamente, provavelmente nem quer saber mais dela, depois ela perdeu a melhor amiga num acidente de carro e ela só tem vinte e um anos. Ela é bem madura e decidia, ao invés de se esconder ou ficar chorando ela foi à luta, mudou de cidade, veio pra cá sozinha, vai morar no meio de um monte de gente que ela nem conhece e ela ficou feliz com isso. Ela não se fechou em uma concha, pelo contrario ela quer viver, ter novas experiências e ser feliz. Sim, eu realmente tive um bom pressentimento com ela, talvez nem dê em nada, mas se você notar algum interesse da parte dela, por favor, de uma chance a ela, de uma chance a você filho, é só o que eu te peço. Tente ser feliz, só tente, você tem esse direito e ia aquecer o coração desse velho que tanto te ama!
As palavras do meu pai foram como um soco no meu peito, ele tinha razão, já estava na hora de me libertar de tudo e deixar o passado pra traz. Principalmente se ela for a minha impressão, ela não me rejeitaria, pelo menos nunca vi uma rejeição desse tipo. Com certeza eu não seria o primeiro, mas não queria falar disso agora, não com ele, talvez procurasse o Sam, ele já passou por isso, sabe melhor que eu como é, já vi na cabeça dele, mas quando se vive é diferente, mais intenso.
A Mariana parece ser uma garota legal, nem de perto lembra aquela Bela desengonçada, fraca e egoísta que mesmo não me amando nunca me afastou. Eu vi o quanto ela ficou afetada comigo, poderia ter sido apenas o susto quando nos chocamos na oficina, mas eu vi os olhos dela, o brilho deles era inconfundível, típico de quando você gostou de alguém. A impressão deve ter feito efeito a ela também, se é que foi uma impressão, “a quem você pensa que ta enganando garoto!”. Meu pai ficou esperando minha resposta, o que me fez falar:
– Ok, você venceu. Tenho que confessar uma coisa. Eu meio que esbarrei nela na oficina, ou melhor, ela esbarrou em mim, nos ficamos cara a cara e eu senti meu coração disparar, algo que a muito não acontecia, e acho que da parte dela foi a mesma coisa. Não foi impriting nem nada disso, mas um sentimento de reconhecimento, tipo, como se ela fosse perfeita pra min. Não foi meu lobo se manifestando, mas sim o homem em mim que gostou dela. O Que você acha disso? Será que, não sei, pode ser alguma coisa, to pensando nela desde então e fiquei meio confuso com isso.
Achei melhor não confirmar nada sobre a impressão ainda, ele ficaria ansioso e não queria decepcioná-lo.Meu pai deu um sorriso de orelha a orelha, ficou super satisfeito com o que ouviu e disse:
– Olha filho, fico muito feliz com isso, pode ser um sinal. Não to dizendo pra você sair correndo e se jogar nos braços dela, mas fique atento, se ela se mostrar receptiva a você, aproveite, se esforce e seja feliz! Mas como tem certeza que não foi uma impressão? Você ta escondendo algo? Pode falar comigo você sabe! Só me preocupo com o seu bem estar, eu amo você. Se não quer desabafar comigo fale com um dos seus amigos, sabe que se for a sua impressão você só vai causar sofrimentos a ela e a você e isso não tem o porquê de ser assim, pois vocês ficarão juntos, é só questão de tempo! Que os grandes espíritos te guiem e te ajudem! Boa noite meu filho, durma bem.
Depois daquela conversa, fui pra minha cama, amanhã teria um dia longo, cheio de trabalho, teria que arranjar um tempo pra falar com o Sam e a noite, teria uma missão, conversar com a Débora, não vai ser fácil, mas uma hora ia ter que acontecer mesmo, não adianta protelar. E depois pra poder seguir minha vida adiante não poderia deixar nada pendente, como disse meu pai não seria justo, causar aos outros o sofrimento que me foi causado.



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