Tempo de Recomeçar - 15° Capítulo


N/A: Entende-se que neste momento da história Mariana está inconsciente, sendo levada por Lucius para o local do ritual, então neste capitulo não haverá o ponto de vista dela.
POV ALICE CULLEN
Mais um dia que termina a noite se aproxima trazendo com ela toda a imensidão escura e fria, não que o frio me incomode, mas é que depois de tantas décadas, sinto falta do sol, sinto falta do calor, às vezes me canso disso tudo, não é fácil estar sempre alegre, viver lutando contra o propósito pelo qual existo, contra minha natureza assassina, mas depois, olho minha família, meus amores, não me imagino sem eles, meu Jasper, a razão de minha existência, com certeza vale muito apena.
Estamos no Alasca há três anos e meio, mais ou menos, Bella, minha cunhada foi transformada por Carslaile assim que chegamos aqui, e por isso, precisamos ficar mais um tempo até que seja realmente seguro ela conviver com humanos sem atacá-los. Os primeiros meses foram horríveis, Bella ficou incontrolável, seu humor variava muito, dando muito trabalho ao meu irmão, que não saiu do lado dela um dia se quer. Como essas terras são pouco habitadas, vimos poucos humanos nesses dias, o Denali estão sempre presente em nossa casa, o que no começo foi complicado, nossa raça é muito possessiva e ciumenta e Bella teve certa dificuldade em aceitar Tânia.
Estou aqui, olhando nosso futuro, vejo que vamos fazer uma viajem, mas não vejo ao certo onde, só sei que é uma floresta tropical, as coisas ficam embasadas e depois desaparecem, chego sentir dores de cabeça, já há dois dias essas visões vem, não fazem sentido algum, tenho que descobrir o que é.
–Calma Alice, você vai descobrir!
Falou Edward de algum ponto na casa, ele como sempre está atento a tudo, e também não conseguiu definir minhas visões. Jasper está ao meu lado, tentando inutilmente me acalmar, mas infelizmente nada consegue, fico extremamente irritada quando não consigo ver alguma coisa, tem algo errado aí, eu sei.
–Alice, amor, por que nós não vamos dar uma volta, podemos caçar e quem saber fazer alguma coisa a mais que te faça sentir melhor. O que você acha?
Jasper me olhava com um sorriso malicioso, não sei o que seria de mim sem ele, o amo mais que tudo, e com certeza ele sente minhas variações de humor, por isso quer me distrair.
Saímos de casa na intenção de pegar alguns ursos, no caminho tenho uma visão,vejo os Denali caçando, fomos para o outro lado, pois queríamos “privacidade”, se é que me entendem, mas quando chegamos, fui verificar o futuro, pra ver se não teríamos companhia e bum, tomei um susto: nada aconteceu, não vi nada, nem ninguém, é como se nós desaparecêssemos no meio do nada, como se a nossa vida deixasse de existir. Peguei o celular e liguei pra Carslaile, aflita, desesperada. Ele atendeu no primeiro toc:
–Alô, Alice, algum problema?
–O Pai, que alívio!
–Como assim, aconteceu alguma coisa?
–Não, mas acho que vai acontecer, pois não vejo o nosso futuro, nada, simplesmente desapareceu. Não sei o que pode ser.
–Calma filha, você ta muito longe?
–A uns bons km daí.
–Venha pra cá, vamos ver se juntos chegamos a um consenso.
–Ok, já estamos indo.
Desliguei o telefone, peguei a mão de Jasper, que nesse exato momento me acalmava, seu simples toque era um elixir pra mim, voltamos correndo pra casa. Ao chegar, Edward nos esperava com Bella ao seu lado, seu rosto sereno não demonstrava a tensão que ele sentia, logo começamos nossa conversa mental:
“Não sei o que é Edward, algo se aproxima, eu posso sentir, mas não consigo ver nada, veja por você mesmo”
Mostrei a ele minha última visão, ele ficou apreensivo, agora demonstrando claramente sua preocupação, falou:
–Entrem, vamos ver o que pode ser. Temos que organizar nossas idéias, não podemos nos precipitar ou entrar em pânico.
Na sala estavam todos, Esme e Carslaile, Roseli e Emmett, todos esperavam por mim, nossa família poderia correr riscos e eu não podia fazer nada, fiquei cada vez mais angustiada, dessa vez nem Jasper podia me acalmar, Edward ciente de meu debate interno falou:
–Acalme-se, não pode puxar pra si toda a responsabilidade, vamos falar com os Denali, alertá-los que a algo vindo, e se verem ou sentirem algo diferente pra nos avisar, devemos todos ficar atentos.
Tentamos ligar varias vezes pra eles, mas só dava na caixa postal, nenhum deles atendia ao telefone, eu ainda os via caçando, pelo menos eles ainda estavam bem, vivos, Tânia estava um pouco mais afastada, mais ao sul. Mas tudo bem até agora.
Comecei a me focar em Aro, Marcos e Caius, talvez os Volture pudessem estar tramando algo, mas nada, nem nos outros clãs que conhecemos, passei horas e horas tentando e nada, tudo parecia normal com os outros, definitivamente não eram vampiros, pois se fossem eu os veria com clareza, e saberia o que é, quando de repente Edward falou:
–Você está certa, não são vampiros nem humanos, então só podem ser...
–Falo logo Edward, não me deixe aflita.
Ele olhou pra Bella intensamente, fechou as mãos em punho e disse entre dentes: OS LOBOS.
O silencio na sala ficou sufocante, claro, como eu não tinha pensado nisso, os únicos momentos até hoje em que minhas visões falhavam era quando os lobos estavam por perto. Mas o que será que eles queriam? Não poderia ser por Bella, não depois de tanto tempo. Lembro que no começo todos ficaram apreensivos, depois da batalha, em que o Jacob ficou todo machucado ele e Bella conversaram, ela escolheu meu irmão e depois disso nunca mais eles se falaram, nós viemos para o Alasca e ela foi transformada logo em seguida, até pensamos que eles viriam atrás, mas não, Jacob cumpriu sua palavra e respeitou a vontade de Bella, mas claro, fomos expulsos de Forks e proibidos de pisar lá novamente, só o faremos daqui a muitas décadas quando os lobos já estiverem mortos. Nesse momento Edward coloca as mãos na cabeça e pede angustiado:
–Vocês podem parar! Estão me enlouquecendo! Por favor, vamos conversar em voz alta, fica mais fácil pra mim!
O primeiro a se pronunciar foi Carslaile:
–O que você acha que eles podem querer meu filho? Não seria por causa de Bella, não depois de todo esse tempo.
–Sinceramente eu não sei, nem sei se são eles, mas visões de Alice só falharam quando eles estavam por perto, é apenas dedução lógica.
–Ok, vamos ser práticos e trabalhar com o que temos.
Jasper se pronunciou pela primeira vez, sua postura de soldado deixava claro que ele já estava montando estratégias, todos pararam para ver o que ele tinha para falar, ele prosseguiu:
–Devemos nos colocar em posição de defesa, nos embrenhar na floresta, ficar em cima das arvores, mesmo que eles nos farejem, podemos atacá-los de cima. Não ficaríamos expostos e eles não chegariam a nossa casa, podemos ficar em pontos estratégicos, afinal eles vem do sul, temos isso como vantagem, sabemos os caminhos por onde eles podem vir.
Bella se levantou visivelmente irritada, deixando meu irmão atordoado, sua indignação estava estampada em seu rosto, claramente ela ainda nutria pelos lobos muito carinho, e não queria que atacassem aqueles que um dia ajudaram a salvar sua vida, falou:
–Então é isso, não vamos dar a eles chances de defesa? Vamos atacá-los e pronto?
–Bella você não entende. Depois que transformamos você, nosso tratado foi quebrado, mais do que nunca somos inimigos, por isso, não podemos vacilar, sabe que eles podem nos matar e não hesitaram em fazer.
–Mas por quê? Por que agora? Depois de tanto tempo. Não, tenho certeza de que se eles estão vindo tem algum outro motivo, eu os conheço, não esperariam tanto tempo para nos atacar, deve ter alguma razão mais forte, talvez precisem de ajuda. Edward me ouça, não vamos nos precipitar, por favor, eu devo muito a eles e você sabe disso.
–Vai dizer que agora ta com peninha dos cachorros! Bem típico de você! Belinha.
Rosali se manifestou com sarcasmo, e raiva, Bella lançou a ela um olhar mortal e falou:
–Aqueles cachorros salvaram a minha vida mais de uma vez, me mantiveram viva por meses, me defendendo de Victória, e quando foi preciso se arriscaram por mim, pra me defender, não preciso lembrá-la da história, sei que você conhece muito bem.Rosali.
Alguns rosnados foram ouvidos, até que Carslaile se manifestou como líder que é:
–Calem-se vocês duas! Não precisamos de discussões sem sentido agora, precisamos nos unir e enfrentar juntos o que vem por aí, como sempre fizemos, temos que ser práticos. Acredito que Bella tenha razão, se são os lobos, estão vindo por algum motivo, talvez precisem de nossa ajuda para algo, afinal nos ajudaram no passado com Bella, e não podemos negar que temos uma dívida de gratidão com eles.
–O que você sugere? – Perguntou Jasper, sentindo as freqüentes mudanças de humor na sala, visivelmente perturbado.
–Alice, se concentre no nosso futuro novamente, por favor, veja pouco, horas e não dias.
Concentrei-me e ainda nos via, mas em três horas desaparecemos. Expliquei o que vi, Carslaile pensou e disse:
–Agora se concentre nos Denali, faça do mesmo jeito.
Mais uma vez via a todos menos Tânia. O futuro dela desaparece daqui a duas horas. Ela os encontraria primeiro.
–Carslaile, todos normais, mas o futuro de Tânia desaparece em duas horas, quem quer que seja ela os encontrará primeiro. Ela está mais ao sul que todos os outros, aliás, quase na fronteira.
–Consegue se concentrar e nos levar onde você a vê por último?
–Sim, já caçamos por ali, ainda tem cervos naquele lugar, se formos agora chegaremos lá no exato momento em que ela desaparece, e deixe-me ver. Hum, é isso, nós desaparecemos junto com ela.
–Então vamos, e lembrem-se: Se forem os lobos não ataquem, quero conversar com eles, saber o porquê de terem nos procurado. Edward, Bella, acham que conseguem, se quiserem podem ficar.
–Nós conseguimos Carslaile, tenho certeza de que assim como eu, Bella não deixaria de ajudar nossa família, pois se não forem os lobos não sabemos o que vão enfrentar e pode ser perigoso, temos que ficar juntos.
–Ok meus filhos, então vamos.
Saímos todos de nossa casa, correndo em direção ao sul, ainda podia ver Tânica caçando, perto de um rio não tão congelado, onde os animais bebiam água, ela estava à espreita. E assim correndo fomos rumo ao desconhecido.
POV TÂNIA DENALI
Apesar de estar caçando há dois dias ainda não me sentia satisfeita, não tinha vontade de voltar pra casa. Na verdade poderia ir até uma cidade próxima e quem sabe ter a sorte de encontrar algum humano forte que pudesse me proporcionar alguns momentos de prazer. Sim por que, vampiros solteiros estão escassos, a grande maioria já tem suas companheiras ou estão mais interessados em guerra e sangue, o que me deixava sem muitas opções, na verdade, nenhuma. Assim como minhas duas irmãs estou sozinha, e isso às vezes é frustrante, pois em momentos como esse eu poderia estar passando meu tempo com um companheiro, fazendo coisas bem mais interessantes do que ficar vigiando alguns cervos bebendo água.
Senti passos leves atrás de mim, com certeza eram vampiros, por estar a favor ao vento não consegui distinguir quem era, mas logo as figuras tão conhecidas saíram de dentro da floresta, espantando minha caça, me deixando irritada:
–O que estão fazendo aqui?
–Tânia, minha cara, nos desculpe, mas Alice teve uma visão, por isso estamos aqui.
Agora fiquei apreensiva, se Alice teve uma visão que os trouxe até mim é por que algo ruim vai acontecer, Carslaile estava tentando ser gentil e calmo, mas eu via a tensão que seus olhos não podiam esconder, Edward se manifestou:
–Calma Tânia, na verdade se quiser pode ir embora, nós assumimos daqui.
De repente um cheiro horrível invadiu o local, era como se mil cachorros molhados andassem por aqui, fedia tanto que ardiam minhas narinas, instintivamente me coloquei em posição de ataque, mas estranhei quando os Cullens não fizeram o mesmo, mais uma vez Edward falou:
–São os lobos de La Push, não vamos atacá-los a menos que o façam, eles estão vindo, mas não vejo nada de o motivo pelo qual o fizeram.
Nesse momento ouvi o som das passadas fortes na terra, e de traz das árvores, do outro lado do rio surgiram cinco lobos enormes de cores variadas, ouvimos vários rosnados de ambos os lados, eles estavam do outro lado do rio e assim permaneceram, a uma distância “segura” nós estávamos em maior numero poderíamos matá-los facilmente, mas como sempre Carslaile foi diplomático deu alguns passos a frente, ficando a margem do rio, disse:
–Bem vindos meus amigos, a que devemos a honra de sua visita?
POV JACOB BLACK
Organizamos tudo para o enterro de Matt, que seria feito ao cair da noite, é incrível como tanta coisa ruim aconteceu em poucas horas, minha Mary foi levada, um irmão meu morreu e outro quase foi morto. Meu coração apertado, dizendo para que eu vá correndo logo ao meu destino, mas não podia sair sem prestar a última homenagem ao meu irmão, que apesar de ter ficado tão pouco tempo conosco, deu sua vida para tentar salvar meu amor. Pensar que ela foi levada e que posso nunca mias vê-la acaba comigo. Não consigo nem imaginar essa possibilidade. Concentrei-me em preparar as coisas, organizamos a tenda que foi montada no cemitério, colocamos cadeiras e algumas coroas de flores com cores variadas.
O corpo foi trazido num caixão fechado, pois os estragos foram tantos que não seria nada agradável verem-lo naquele jeito, todos queriam lembrar-se dele como era antes dessa loucura toda acontecer. Meu pai chegou com o conselho, os pais de Matt vieram atrás, sua mãe estava desolada, choravam tanto que seus soluços eram ouvidos de longe, isso me dava mais raiva ainda, a vontade de matar aquele desgraçado corroia meu corpo e não consegui evitar a tremedeira que me atingiu com aquela cena.
A muito custo consegui me controlar, o conselho fez uma cerimônia simples, mas cheia de significados, falaram em nossa língua, encaminharam a alma do guerreiro a Tahaki, que segundo Sue veio buscá-lo de braços abertos. Colocamos as flores em sua sepultura, uma cova funda, que além de abrigar o corpo morto seria palco de muitas lamentações e sofrimento, principalmente por parte de sua família, e soubemos apenas naquele momento, que Matt seria pai, nem sua mãe sabia da novidade, sua namorada Luize, estava grávida de três meses, isso ocorreu antes dele se transformar, e mesmo não sabendo, Matt deixou sua semente, provavelmente outro guerreiro nasceria daquele ventre e sua linhagem continuaria.
Isso amenizou um pouco as coisas, claro que uma vida não anula uma morte, mas te deixa mias forte para enfrentar a dor da perda, Juntas as duas mulheres choraram ao enterrar seu filho e namorado, e se uniram, para que o fruto desse amor cresça com muito amor e carinho, mesmo sem a presença do pai.
O enterro acabou por volta das 07h00min e fomos direto para a sede do conselho, toda aldeia estava chocada com o que ocorrera e todos acreditavam no tal acidente de caminhão. Embry e Seth fizerem um ronda em todo o território e não detectaram nada em nossas terras, logo se juntaram a nós na sede. Quando os mesmo chegaram começamos a reunião. Seth falou a todos o episódio que ocorreu mais cedo, com a bruxa e o vampiro, mas o que os deixou mais intrigados foi o fato de ela mandar procurar Carslaile, meu pai colocou a mão no queixo, pensou por uns instantes, falou:
–Bem, sabemos que o Doutor é muito velho, já esteve em quase todo o mundo, conheceu muitos de sua espécie e também se interessa por história, talvez ele possa ajudar.
Sam ficou visivelmente incomodado com o fato de ter-mos que procurar vampiros para pedir ajuda, mas como disse Paul, se fosse isso que salvaria a vida de Mary, eu faria, sem pensar duas vezes, falei:
–Eu sei que nossa história com os Cullens não acabou bem, e sei que fui grande responsável por isso, afinal de contas, naquela época eu era apaixonado pela Bella e não consegui lidar com sua rejeição, mas hoje entendo que, mesmo que pra mim sempre será errado, ela tomou a decisão dela e nós não podemos interferir nisso, infelizmente. Porém já se passaram três anos, eles não voltaram como conforme mandamos e tenho certeza de que enquanto tiver um lobo em La Push eles não o farão, pois o Doutor é contra qualquer tipo de violência. Só que agora os fatos mudaram, eu preciso achar Mary, e se a única chance para isso forem eles, então que seja.
–O que você sugere? – Sam totalmente contrariado falou.
–Eu vou procurá-los. Não posso pedir a nenhum de vocês para me acompanhar, afinal de contas suas obrigações são com La Push e mesmo sendo eu o Alpha, isso é particular, sei que todos têm suas vidas, Paul e Jared vão ser pais, e estavam tentando a todo custo parar a transformação, mas infelizmente com esse novo vampiro não tiveram sorte, pois apenas Sam conseguiu esse feito, com muito esforço tenho certeza. Por isso, meus amigos, os libero de qualquer compromisso para comigo, ninguém será obrigado a nada e se preciso for, irei sozinho.
–Você só pode estar brincando não é? Você não teria chances, sabe que é isso que aquele sádico quer, vai se entregar de bandeja pra ele? Não tem valor a sua vida, e seu Pai, sua irmã, seu povo?
–Sam, se ponha no meu lugar eu preciso tentar, nem que tenha que morrer. Tenho certeza de que se fosse a Emilly você faria a mesma coisa. E viver num mundo sem a Mary é o mesmo que morrer pra mim.
Vi a compreensão chegar a seus olhos, seu coração disparado ao pensar que algo poderia acontecer a sua amada, ele num gesto singelo me abraçou e disse:
–Tem razão meu irmão, me desculpe e se pudesse iria junto.
–Obrigado Sam, mas fique aqui, o conselho e a aldeia precisam de você, pelo que sei tem mais três garotos com os sintomas e devem se transformar logo, eles vão precisar de sua orientação e ajuda já que provavelmente não vou estar por perto.
Todos me olhavam intensamente, na verdade um misto de dor e coragem, Seth foi o primeiro a se manifestar:
–Conte comigo Jake, pra tudo que precisar jamais te deixaria sozinho nessa.
–Obrigado Seth, sabia que podia contar com você! - Logo Embry falou:
–O que? Acham que vou ficar de fora dessa? Não mesmo, to dentro!
Até mesmo nessas horas ele conseguia ser brincalhão, Paul e Jared se olharam e vieram até mim:
– Pode contar com agente mano, afinal que graça tem ser lobo se não puder acabar com aqueles sanguessugas nojentos?
–Vocês têm certeza? E suas famílias? Não quero que ninguém fique viúva por minha causa.
–Elas vão entender Jake, Raquel já ama Mary como uma irmã, tenho certeza que ela vai me apoiar.
–Posso dizer o mesmo de Kim.
Jared se manifestou com tanta certeza no olhar que foi impossível não acreditar. Definitivamente eu sou um cara de sorte, pois tenho amigos incríveis, verdadeiros irmãos.
–Ok, então como o perímetro está limpo, vamos deixar o novato fazendo rondas, só pra garantir, partiremos em uma hora, temos dez horas de corrida pela frente, temos que nos apressar, o tempo corre contra nós.
Então todos assentiram e foram pra suas casas, se despedirem de suas famílias, era angustiante pensar na possibilidade de que algum deles poderia não voltar, mas não podia recusar ajuda, não num momento como esse. Meu pai me olhou sério, seus olhos denunciavam toda a preocupação que ele sentia, me pediu:
–Me leve pra casa filho, fale com sua irmã antes de partir.
E assim o fiz, em meio a choros e abraços nos despedimos, pedi para que meu pai tomasse conta de Quil na nossa ausência, meu amigo iria ficar irritado por ficar de fora dessa, mas como ainda estava dormindo não poderia nos acompanhar, nem saberíamos quando ele acordaria, nem como.
Paul e eu nos dirigimos ao local de encontro, todos nos esperavam, nos transformamos e fomos em direção ao Alasca, seguindo nossos instintos chegaríamos, com certeza. Depois de nove horas correndo sem parar resolvemos nos organizar, paramos em uma clareira, podíamos sentir um rio a alguns km, tínhamos que nos organizar, pois Edward veria em nossas cabeças o ocorrido, e não queria que fosse assim, queria ter a oportunidade de falar com o Doutor diretamente, pois na verdade ele é o único motivo de nossa vinda aqui.
Corremos em direção ao rio, nossas mentes limpas, não pensamos em nada apenas nos concentramos em nosso percurso, podíamos ouvir algumas vozes, eles sabiam que estávamos aqui, a baixinha vidente deve ter visto, logo saímos de dentro da floresta e lá estavam eles, nove vampiros de olhos dourados tensos, inevitavelmente alguns rosnados foram ouvidos, uma loira que nunca tinha visto estava em posição de ataque. Os Cullens apesar de apreensivos estavam em posição normal e entre eles estava Bella, não a que eu conheci, uma criatura pálida, uma beleza mórbida, um cabelo sedoso, roupas caras, salto alto e olhos dourados, definitivamente a Bella que um dia eu conheci não existia mais, essa era uma estranha, uma completa alienígena e graças a minha Mary isso não me causava dor ou sofrimento, apenas pena, pois tenho certeza de que a única prejudicada com essa transformação foi ela, ela que perdeu e muito.
Vi Edward me olhar, uma máscara de dor tomou seu rosto, sei que ele viu o que pensei, na verdade ele sabe que tenho razão, pois ele mesmo não queria transformá-la, mas como fraco que é, dá a ela tudo que quer e cedeu suas vontades.
–Foco Jake!
Paul gritou em minha mente, me fazendo acordar, focalizei no doutor, era ele meu objetivo, antes de tudo, ele se aproximou da margem do rio, sereno como sempre, falou:
–Bem vindos meus amigos, a que devemos a honra de sua visita?
Vou me transformar para agente conversar!
Edward traduziu meu pensamento, logo fui para trás da árvore e voltei apenas com minha bermuda como de costume, enquanto me dirigia à margem do rio pensei:
Edward viemos em paz, mesmo que veja em nossas mentes o que está acontecendo, me deixe falar ok?
Ele apenas assentiu e ficou quieto. Ao lado de Bella, com uma mão em sua cintura, por um momento nossos olhos se encontraram, ela me olhava angustiada, tenho certeza de que se fosse humana seu coração estaria disparado e suas a pernas bambas, mas nem me abalei, fui indiferente, ela me machucou muito e não merece minha consideração, olhei diretamente para os olhos dourados do doutor e falei:
–Tudo bem se eu pular pro seu lado da margem?
Ouvi rosnados dos meus irmãos e falei:
–Tudo bem, eu quem vim falar com eles, preciso me aproximar e confio no Doutor.
Olhei novamente e o vi concordando, dei alguns passos para trás tomando impulso e pulei, logo estava sem sua frente, nossos cheiros não eram agradáveis um para o outro, mas o nosso respeito era enorme, estendi minha mãe que ele apertou sem hesitar, falei:
–Obrigado Doutor, por falar comigo, pela consideração.
–Jacob, não tenho motivos para agir diferente, sei que deve ter motivos sérios para vir até aqui e com certeza o respeito muito, jamais esqueço aqueles que me estendem a mão, e ao nos ajudar naquela batalha foi isso que você fez. Mais uma coisa, me chame de Carslaile.
Naquele momento não vi um vampiro em minha frente, incrivelmente vi um homem, muito velho e sábio, disposto a me receber e até quem sabe ajudar, vi um amigo. Ele com certeza é melhor do que muitos humanos que eu conheço.
–Carslaile, tivemos algumas visitas indesejadas em La Push, que resultou no seqüestro de uma pessoa, Mariana, minha impriting. Ela foi levada por um vampiro, chamado Lucius.
Ao pronunciar tais palavras, vi por minha visão periférica Bella fazer uma careta, ela não esperava que o motivo pelo qual atravessei um país inteiro fosse uma mulher, com certeza não gostou de saber que achei minha impriting, egoísta como é, deve ter achado que eu permanecia sozinho e abandonado, mau sabe ela o bem que Mary me faz, como ela me completa, fui tirado de meus devaneios pelo Doutor:
–Em que posso ajudá-lo, acha que eles vieram para cá?
–Não, na verdade sei que não vieram, apesar de não saber onde a levaram.Lucius estava usando uma bruxa para ajudá-lo, uma vampira, ele a estava chantageando, pois a mesma tem uma garota humana que cuida como sua filha, Lucius a seqüestrou e está usando a garota para que a bruxa faça um ritual de magia negra, e pelo que sei, ele quer ressuscitar uma vampira chamada Anelise, que por ironia do destino é copia fiel de minha Mary, e se a bruxa não o ajudar, ele matará sua filha. Ela até tentou nos ajudar, camuflando a Mary, para que os vampiros não a farejassem, mas infelizmente, Lucius é ardiloso, usou uma humana que nutre digamos um sentimento por mim. Essa humana, Débora o ajudou a seqüestrar Mary, e nesse processo um lobo foi morto, Matt, um novato e Quil quase morreu, inclusive agora ele está inconsciente no hospital, ainda não sabemos quando nem como ele vai acordar.
Carslaile pareceu pensar por alguns instantes, seu semblante preocupado me mostrou que ele sabia do que se tratava, ele colocou a mão no queixo, pareceu que estava ponderando sobre o que falar, então disse:
–Sinto muito por seus amigos, mas me diga como se chama a bruxa?
–Karmia, você a conhece? Foi ela quem mandou falar com você.
–Eu conheci sim, há muitos anos em Volterra, naquela época ela ainda não era vampira, mas trabalhava pros Volture, assim como alguns de sua espécie.
–Por favor, Carslaile, se souber de alguma coisa que possa me ajudar diga, você é minha única esperança.
Supliquei, nem me importando com o que os outros achariam disso, pelo meu amor eu faria tudo. Ele me olhou com um brilho no olhar, vi que poderia ter alguma informação útil, então ele colocou a mão em meu ombro e disse:
–Meu amigo, venha até minha casa, você e seus amigos devem estar cansados da longa viagem, podem comer alguma coisa, tenho que organizar minha idéias, preciso falar com Edward, mas acho que posso ajudar.
–Não precisa se preocupar, somos fortes e precisamos voltar o quanto antes, pelo que sei eles precisam de um eclipse para fazer o tal ritual, e faltam poucos dias para que ele aconteça. Como pode ver sem querer abusar de sua boa vontade, nós temos pressa.
–O eclipse lunar, o último foi a mais de cem anos, lembro de uns acontecimentos naquela época. Mas insisto, vamos a te minha casa, tenho que verificar algumas coisas, organizar algumas idéias, acredito que sei onde o ritual vai ser feito, mas preciso ter certeza para não te dar uma informação errada. Qualquer erro agora poderá ser fatal.
–Como sabe, não estou sozinho, não sei se meus irmãos querem ir a sua casa.
Olhei os lobos do outro lado da margem e Edward me respondeu:
–Eles dizem que estão dispostos a tudo para ajudar Mariana.
–Então vamos Carslaile, só deixe eu me transformar.
Fui para a floresta e logo deixei meu lobo sair, meus irmãos pularam o rio e vieram ao meu encontro, falei:
Obrigado rapazes, mas vamos ficar em forma de lobo por via das dúvidas.
Ok – Disseram juntos, olhei o doutor e falei:
Estamos prontos.
Eles se puseram a correr, inevitavelmente a imagem de Mary veio em minha mente, Paul pensou:
Vai dar certo mano, vai dar certo!
Edward nos olhou, mas não disse nada, seguimos correndo pela floresta congelada, rumo a casa dos Cullens, não sabia o que me esperava, mas uma chama de esperança brotou em meu peito, agora mais que nunca eu tinha certeza de que a encontraria e traia para meus braços, Mary, meu amor, minha vida!



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