Tempo de Recomeçar - 17° Capítulo


POV KARMIA
Mergulhamos na imensidão escura e fria do mar, o lobo cor de areia nos olhando, tenho certeza de que ele ouviu o que eu disse se Jacob encontrasse Carslaile teria ajuda, pois os Cullens são um clã grande, que valorizam a vida humana e com Carslaile conhecendo minha história poderia orientar Jacob, caso ele tenha coragem de ir atrás de Mariana, e disso eu não duvido.
Nadamos por algumas horas, atravessamos toda a parte dos EUA e quando chegamos ao México fiz menção de ira para a costa, sendo seguida pelo tal vampiro, meu “guarda-costas”. Sentei a beira mar, nem sei ao certo onde estava, mas tinha certeza que era um local deserto, pois não sentia cheiro nem presença de humanos. Ele ficou me olhando, seus olhos vermelhos agora um pouco mais escuros, o encarei, sem saber ao certo o que fazer, tinha tanto a perder, não poderia me arriscar, após alguns minutos em silêncio ele ficou impaciente:
–Posso saber o que você está fazendo? Temos uma viagem longa pela frente, se continuar-mos por mar chegaremos mais rápido, todo tempo é valioso.
Suspirei pesadamente, ele provavelmente não entenderia, minha cabeça estava uma confusão, um misto de sentimentos que chegavam a ser sufocantes, mas uma vez me senti fraquejar, nunca em nenhum momento de minha existência eu me senti tão fraca e impotente, pessoas inocentes dependem de mim, eu tenho que ser forte e fazer a coisa certa.
–Você pode, por favor, me contar com detalhes tudo o que você sabe sobre o que Lucius está fazendo?
–Eu já disse, não sei muita coisa, apenas devo minha “vida” a ele e estou te escoltando como um favor, para me livrar dessa dívida.
–Qual é seu nome?
–Rafael Domingues.
–Então Rafael, sou Karmia.
Ele ficou me olhando, seus olhos cada vez mais escuros, vi desejo em seu olhar. Se o tivesse conhecido em outra ocasião com certeza já teria sido tomada por sua companheira e estaríamos desfrutando a presença um do outro, há tanto tempo meu coração morto não batia, achei nunca ser capaz de sentir algo por alguém novamente, e agora sei que estava errada.
–Karmia de que?
–Há muito tempo não uso sobre nome, não interessa na verdade, um nome é só um nome.
–Me diga aonde quer chegar, pois essa conversa não nos leva a lugar algum.
–Ok, você está certo. Preciso de sua ajuda.
–Para que?
–Não vou fazer o tal ritual, quero dizer, não posso, não quero que ninguém morra por minha causa. Espero sinceramente que as coisas se resolvam antes que tenha que fazer isso.
–E como você pretende fazer isso?
–Não precisarei fazer muita coisa, pois pelo que sei, terei ajuda.
–Como assim?
–Tenho certeza de que Jacob vai vir atrás de Mariana, ele trará reforços, o que tenho que fazer é retardar ao máximo o ritual, para dar tempo a ele, mas não posso correr riscos com minha filha. E é aí que você entra.
–Eu? O que acha que posso fazer? Sou um vampiro normal, não tenho dons, não sei fazer mágica ou bruxaria, posso ser morto como qualquer outro. E por que me arriscaria tanto?
–Por mim Rafael, sei o que sente por mim, vejo o desejo em seus olhos, também sinto o mesmo.
Ele sorriu um sorriso lindo disse:
–Sente?
–Sim, mas infelizmente não posso dar a você o que quer, não agora. Sabe que essas coisas duram tempos e não posso perder o foco. Sinto muito.
Seu sorriso murchou, sua face ficou séria, seus olhos totalmente negros agora, me olhou com raiva e disse:
–Não entendo você. Por que essa humana é tão importante? Humanos são apenas alimento e nada mais! Vamos embora, por você eu fugiria e me esconderia de Lucius pela eternidade, pense em você, não queira ser heroína, não queria salvar o mundo.
–Você não entende! Ela é minha filha!
–Não, não é! Sabe disso, nunca terá uma filha, pare de se sentir responsável por ela.
Agora ele conseguiu me irritar, como ele pode me dizer uma coisa dessas, gritei em plenos pulmões:
–É POR MINHA CULPA QUE ELA FOI PEGA! MINHA CULPA! ELA É MINHA FILHA SIM! EU A CRIEI, ALIMENTEI, CUIDEI DELA, FIZ TUDO POR ELA! ELA NÃO É ALIMENTO! NEM SE ATREVA A PENSAR NELA DESSE JEITO! SE NÃO QUER ME AJUDAR, TUDO BEM! EU SEI O CAMINHO ONDE DEVO IR, AVISO AO LUCIUS QUE VOCÊ ME TROUXE, ELE NÃO IRÁ TE PERSEGUIR.
O silêncio pairou no ar, ele absorvendo minhas palavras, logo sua expressão passou a ser torturada, ele estava sofrendo com minhas palavras duras, mas nem de longe seu sofrimento se compara ao meu. Respirei fundo e falei mais calma agora:
–Rafael, é o seguinte, Safira, minha filha, é uma bruxa assim como eu. Ela vem de minha linhagem, não de mim é claro, pois nunca tive filhos, mas de minha irmã. Tenho que ajudá-la a desenvolver seus poderes para que ela possa se defender, pois o cheiro dela não é igual ao dos humanos, ela seria uma vitima fácil para vampiros. E se for usada por pessoas erradas ela pode ser letal. Quero que ela tenha o melhor de si, não a quero sendo escravizada nem pendendo para o lado obscuro. Por isso ela é importante, eu a quero viva. Sem contar que ela tem uma vida pela frente, que pode ser vivida com muito amor e harmonia. Ela pode e deve ser feliz.
Ele ficou digerindo minhas palavras, parecia estar lembrando-se de algo, suspirou pesadamente e falou:
–Eu tinha uma irmã quando era humano. Ela era linda, dois anos mais jovem que eu, fui visitá-la depois que me transformei e a matei, naquele momento só pensava na sede, no sangue, mas depois com o passar do tempo me dei conta do que fiz, nunca consegui me perdoar.
–Então acho que você entende o que eu sinto não me importo comigo, só quero que ela fique bem e viva, posso até ser destruída que não me importo.
–Não diga isso, jamais! Só de pensar em um mundo onde você não existe chego a passar mal.
Ele se aproximou de mim e tomou meu rosto com as mãos, nossos olhos se encontraram, pedi:
–Me ajude, por favor! Pense que assim você estaria se redimindo pelo que fez a sua irmã, e depois que essa loucura toda passar nós poderemos ficar juntos, se você quiser é claro.
Ele ponderou por um instante, me deu mais um sorriso lindo, deixando seus dentes brancos e perfeitos a mostra, respondeu:
–Ok, o que você quer que eu faça?


POV ALICE CULLEN


Depois da conversa entre Carslaile e os lobos nós corremos para arrumar as coisas, fomos à cidade pegar comida para os lobos e a garota humana, a impriting de Jacob. Ele estava visivelmente abalado pelo fato de sua amada estar presa, com certeza se fosse meu Jasper já teria enlouquecido. Organizamos tudo em poucos horas e nos dirigimos ao aeroporto, nosso jato particular foi abastecido e já nos esperava pronto para partir.
Entramos e nos acomodamos em nosso lugares, Edward e Jasper foram para a cabine, Bella ficou ao meu lado, visivelmente preocupada, minha cunhada não se conforma com a rejeição do amigo, o que pra mim é perfeitamente natural, pois ela se tornou o ser que ele mais odeia, ele não iria simplesmente abrir os braços pra ela e dar um beijinho, ainda mais depois de tudo que ele sofreu.
Acomodei-me na poltrona grande a confortável e me concentrei em nosso futuro, uma serie de coisas vieram ao mesmo tempo, me acalmei e foi separando as imagens para organizar as idéias, logo a primeira imagem veio nítida:
“um lugar escuro, com tochas acesas, uns vampiros com turbantes cinza e outro com turbante branco, uma mulher (vampira) toda vestida de branco com um turbante vermelho, ela proferia palavras em outra língua, uma mulher (humana) deitada em uma pedra grande, com pinturas pelo corpo, vestia apenas uma roupa simples, tapando as partes intimas, quase nua.”
Fiquei pensando no que poderia ser, deveria ser o tal ritual, senti Edward se aproximando, logo ele me explica:
–A vampira é a bruxa, a humana é Mariana e os vampiros são Lucius e seus seguidores.
Então as coisas mudam:
“Mariana correndo pela floresta com a bruxa, uma garota jovem de olhos azuis sendo levada por outro vampiro, os capangas de Lucius fazem uma emboscada, Mariana e a bruxa são capturadas, a garota de olhos azuis e o vampiro fogem.”
Outra imagem:
“Lucius morde Mariana para transformá-la, mas ou invés disso ele não se controla e a mata.”
Fiquei ofegante, isso não poderia acontecer, Jacob morreria, nossa viagem seria em vão, Edward me disse:
–As visões estão mudando muito, alguém ainda não decidiu o que vai fazer, alguém está indeciso, ou estão fazendo de propósito para te confundir.
–Como eles poderiam? Não sabem sobre mim.
–Hum, vamos tentar ser lógicos, o que vê no futuro de Lucius:
Concentrei-me:
“Outra garota, humana, uma mulata muito bonita, ele a mata, na verdade ele a esmaga.”
Nesse momento Seth se manifesta:
–Débora!
–Quem é essa Débora Seth? O que ela tem haver com essa história?
–Ela é a ex do Jake, ele a largou quando conheceu Mary, ela ajudou os vampiros a pega-la, achamos que por vingança.
Senti Bella se retosando ao meu lado, meu irmão também percebeu e ficou tenso, na verdade nós nunca entendemos o relacionamento de Bella com Jacob, por que, apesar de ela sempre dizer que ama o meu irmão e ter se tornado uma nós, ela sempre se preocupava com ele, até de mais pro meu gosto, ela não se conformava com o fato de ele não vê-la mais do mesmo jeito.
Percebi Edward me olhando, falei um: “Desculpe!” Mentalmente. Bella se levantou e foi pra onde estava Jacob, com certeza quilo não daria boa coisa. Meu irmão a acompanhou com os olhos e não disse nada, apenas levantou, mas foi parado por Carslaile, que colocou a mão em seu ombro e disse tão baixo que se não fosse uma vampira não teria ouvido:
–Deixe-os, ela precisa falar com ele.
Então ele relaxou, sentou ao meu lado e disse:
–Continue Alice, vamos ver o que nos espera.


POV JACOB

Estava sentado em uma poltrona conversando com Jared e Paul, Seth estava junto com a baixinha vidente, eles estavam vasculhando o nosso futuro e pelo que entendi cada hora ela via uma coisa. Não tinha nada de concreto, hora era uma coisa hora era outra, mas em nenhuma delas ela nos viu, o que me deixou preocupado. Será que alguma coisa daria errada e não teríamos tempo para o resgate? Meus irmãos tentavam me acalmar e senti um cheiro enjoativo se aproximando, era Bella, tenho certeza. Ela sentou-se ao meu lado, como se ainda fosse minha grande amiga e disse:
–Agora você vai me ouvir Jacob Black.
Seus olhos dourados ficaram mais escuros e vi a tensão e expectativa que a acompanhava, olhei pra meus irmãos que levantaram e foram para o fundo do avião, claro que todos ali ouviriam nossa conversa, mas mesmo assim saíram para nos dar um pouco de “privacidade”. Respirei fundo, se conheço bem Bella, ela não vai desistir enquanto eu não falar com ela, vai ficar me enchendo e importunando até que eu a ouça, melhor acabar com essa palhaçada de uma vez:
–Fala logo, o que de tão importante tem pra me falar?
Ela respirou fundo, como se ainda precisasse de ar, segurou as mãos e mordeu o lábio, exatamente como fazia quando era humana, e começou:
–Tudo o que eu lhe disse naquele dia era verdade, depois que você ficou machucado e eu fui a sua casa, você lembra né?
Apenas concordei com a cabeça, ela continuou:
–Você sempre foi e continua sendo uma pessoa extremamente importante na minha vida, você me ajudou em uma fase muito difícil e sei o quanto isso te custou. Jamais esquecerei o que você fez por mim, mas Jake, eu preciso que você entenda que Edward é minha vida, ele é meu céu, meu chão, meu ar, sem ele eu não sou nada, não posso nada, simplesmente não existo.
–Por que ta me falando isso agora?
–Por que agora, sei que você entende o que eu sinto, pois você sente o mesmo por Mariana. Se não, a teria deixado ir e nem viria resgatá-la. Eu tomei minha decisão, fiz minha escolha, assim como Mariana fez a dela.
O que? Como ela pode dizer isso? Como ela pode falar de uma pessoa que ela nem conhece? Senti uma raiva tão grande que comecei a tremer, vi Edward me olhando por cima da poltrona, olhei bem nos olhos de Bella e falei:
–Não, isso é totalmente diferente: ela foi levada, seqüestrada, ela não foi morar com um vampiro, ela é uma vítima!
–Calma Jake, não é a isso que me refiro, quer dizer, você já contou a ela sobre ser um lobo e ela te aceitou, escolheu viver com você, mesmo sabendo os perigos que você enfrenta e o quão perigoso pode ser se algum dos seus “inimigos” quiser se vingar.
–O que isso tem haver com você? Ela não precisou mudar nada para ficar comigo, ela continua sendo humana, com um coração batendo e o sangue pulsando em suas veias. Ela poderá ter filhos, envelhecer, mudar e por fim, quando chegar a hora, morrer. Não precisará se afastar de ninguém, não machucará ninguém e não precisará ficar mentindo e se mudando, pois a vida dela será plena e normal, assim como a sua deveria ter sido.
–Você não me perdoa não é, por eu não ter te escolhido?
–Não seja absurda Bella! Você realmente acha que o mundo gira em torno de você? Acha que meu maior problema é que você ficou com outro? A qual é, cai na real!
–Então qual é o seu problema, por que você não consegue entender as coisas? Entender o meu lado, me apoiar? Ser meu amigo novamente? Cadê aquele Jake que sorria meu sorriso de sol, aquele me ajudava, que me dava carinho e que fazia de tudo pra me ver feliz?
–Você o perdeu, na verdade o matou. Quando abriu mão de tudo e foi embora pro Alasca, pra morrer. A Bella que eu conheci não existe mais, aquela que um dia eu amei com todas as minhas forças, ela morreu há muito tempo.
–Você realmente acha que eu seria mais feliz com você? Não sendo plena nem verdadeira, fingindo ou lutando para sentir algo por alguém que nunca senti.
–Não me pareceu isso quando me beijou naquele dia, você quis, eu não pedi nada, e mesmo assim você fez.
–Eu estava confusa e desesperada, com medo de perder você, foi um erro.
–Pois é, mas depois foi a minha casa e disse que me amava, por que fez aquilo? Sentia-se culpada?
–Sim, eu me sentia culpada, mas não foi por isso que fiz aquilo, eu realmente amava você e ainda amo.
–Você sabe que seu vampiro está ouvindo isso, não sabe?
–Sim, eu nunca escondi dele que amo você, de um jeito totalmente diferente do que amo ele, mas você é e sempre será importante pra mim.
Suspirei essa conversa não tinha fundamento nenhum, Bella realmente conseguiu se superar, todos ouviram o que ela disse e isso não a incomodou. Fechei meus olhos e massageei minhas têmporas, estava cansado, sem dormir e precisando descansar, tinha que encerrar essa conversa e seria agora:
–Bella, se isso te faz sentir melhor eu não odeio você, mas não vou mentir, não sinto mais nada por você, nem mesmo amizade, você pra mim agora é indiferente, sinto o mesmo que pelos outros Cullens: respeito por causa do tratado e por consideração a Carslaile, mas fora isso, mais nada.
–Então é isso, não significo mais nada pra você?
–Nada, sinto muito. Agora me da licença que quero dormir, ainda temos algumas horas de viagem e tenho que tentar descansar.
Vi raiva em seus olhos e muita frustração, ela com certeza nunca tinha me visto assim, mas tinha que ser sincero e não fingir sentir algo que não sinto, falou:
–Você se acha melhor que eu, mas não é! O que aconteceu com sua impriting também é culpa sua, então não se faça de santo.
–Do que você está falando sua maluca, como pode dizer que é minha culpa?
–Seth me disse que você largou uma humana para ficar com Mariana e ela ajudou os vampiros a pega-la. Ela deve ter se sentido usada, deve ter sofrido assim como Leah sofreu pelo Sam.
–É verdade, mas isso não dá o direito de uma pessoa fazer isso com outra, ajudar no seqüestro e na morte de alguém é injustificável, Leah não fez isso com Emilly, nem eu fiz, quando você me machucou daquele jeito, isso é fruto de uma mente egoísta e doente. Claro, por isso você fala dessa forma, como se o que ela fez a Mari fosse justificável, você deve ter se identificar com ela.
–Ora seu!
Nesse instante Bella veio, contudo pra cima de mim, se eu não fosse um lobo ela teria quebrado meu braço, gritou em plenos pulmões:
–Você não sabe de nada seu cachorro sarnento! De nada!
Edward veio com Emmett e Carslaile, a tiraram de cima de mim, ela espumava de raiva, Emmett teve dificuldades em segura-la, Carslaile aos poucos a acalmou e Edward me ameaçou:
–Não pense que não arranco sua cabeça cachorro! Você passou dos limites.
Vários rosnados foram ouvidos, lobos e vampiros se alteraram, falei:
–Não tenho culpa se não consegue segurar sua mulher. Não a quero perto de mim, nem sei o porquê dela estar aqui.
–Não seja ingrato Jacob, Bella quer ajudar assim como todos nós. Ela sabe o quanto a ajudaram antes, só quer retribuir.
Disse Esme, solicita a filha, que estava totalmente fora de si.
Respirei fundo mais uma vez, não queria brigar, não era para isso que estava ali, tinha que pensar em Mary, tinha que ser racional, falei:
–Tudo bem, Bella me desculpe, mas você tem que colocar na sua cabeça algumas coisas: Primeiro: eu não te odeio, Segundo: o que passou, passou, Terceiro: eu não quero mais ser seu amigo. Eu agradeço muito a presença de todos, sei que podem ser fundamentais para que Mary volte viva, mas Bella pare! Pare de tentar consertar as coisas, pare de tentar fazer com que eu me renda as suas lamentações, para de achar que tudo tem que ficar lindo e cor de rosa. Você fez suas escolhas, eu respeito, mesmo não aprovando, mas é só isso que posso fazer. Não dá mais, aquele Jake que você conheceu não lhe pertence mais, agora pertence à outra e ponto final.
Todos a olharam aguardando sua resposta, então ela visivelmente mais calam disse:
–Eu me enganei, achei que tudo poderia ser como antes, mas você tem razão, vou deixar o passado para trás, só de saber que você não me odeia já me sinto melhor, obrigada! Vou ajudar no que puder, não quero decepcionar minha família.
Todos voltaram a seus acentos, meus irmãos vieram ao meu lado e acabei pegando no sono. Mesmo frustrado e bravo o cansaço me venceu. Algumas horas depois, já estávamos quase pousando quando Jared me chama, Alice levanta pra ir até a cabine, provavelmente falar com o marido dela. De repente ela para, os olhos ficam fora de foco, sua respiração acelera e ela diz:
–Essa não, tem outra vampira com eles!
Aproximo-me dela e falo:
–Sim tem, mas o que você ta vendo?
–Você a conhece, já viu?
–Sim, ela quem cuida da filha da bruxa, que foi seqüestrada. Mas o que tem ela?
Alice olha para Edward, ele fica tenso e diz:
–Jacob, essa vampira quer matar Mary. Aliás, ela pretende matá-la essa noite.


POV MARIANA

Depois de minha breve conversa com aquele ser sinistro e asqueroso, resolvi sair da tenda. Onde estava, era a borda de uma caverna, para um lado tinha o sol lindo, radiante, a floresta imponente e cheia de vida, com pássaros cantando e animas correndo, para o outro lado tinha uma caverna funda e escura. Algumas tochas foram acesas, mas para minha visão limitada à claridade não era suficiente. Pelo pouco que sei de vampiros, deveriam ver tudo sem problemas. Logo uma vampira apareceu em minha frente, seus olhos vermelhos e sua pele pálida me deram calafrios, pude ver que mais alguns vampiros estavam por ali, alem é claro, de mais três tendas. Provavelmente teriam outras pessoas ali, ou simplesmente os vampiros queriam privacidade.
Ela veio em minha direção com uma bandeja cheia de comida, algumas frutas e sucos também, muita fartura, mas meu estômago não aceitava nada, meus nervos estavam a flor da pele, a idéia de morrer aqui me apavora, mas a idéia de Jacob morrer tentando me salvar acaba comigo, não poderia permitir que isso acontecesse. Depois de entrar em minha tenda ela fez sinal para que eu entrasse, o fiz, pois não queria irritar alguém que pode me matar tão facilmente. Tomei coragem e perguntei:
–Posso saber seu nome? Acho que ainda não a conheço.
Ela me olhou, parecia entediada, disse:
–Não te interessa, só estou aqui seguindo ordens, não quero ser sua amiga!
–Não precisa ser grossa, obrigada pela comida.
Ela saiu da tenda, sem nem me olhar, vi que por algum motivo ela me odiava, mas não entendi o porquê, afinal não fiz nada para ela. Resolvi comer um pouco, mesmo estando muito nervosa, meu corpo estava fraco, o fato de ter passado horas dormindo me deixou fraca, sentei na cama improvisada e peguei uma maçã, tomei um pouco de suco e fiquei pensando em Jake. Senti tanto medo e tanta saudade, deitei na cama e chorei mesmo, sem cerimônias, meus soluços eram ouvidos a distância, senti alguém se aproximando, era Lucius, ele me olhou com desdém, não disse nada, verificou se eu estava sozinha e se retirou, ouvi quando ele disse a alguém que iria caçar, o ritual seria em poucos dias e ele queria ficar forte e se controlar, pois meu cheiro era muito tentador pra ele.
Permanecia li, não sei por quanto tempo, o lugar foi ficando escuro, uma brisa fresca entrava e balançava as cortinas, mas não me deu frio, meu coração estava despedaçado, ouvi vozes, uma mulher falando com outra, não identificava o que era, mas vi que tinha alguém desesperado, levantei passei por trás de tenda. A alguns metros tinha outra tenda, uma tocha a iluminava precariamente, podia ver a silueta formada por uma sombra, era uma pessoa pequena. Não sei identificar quem, mas era menor que eu, ela chorava muito.
Num impulso entrei em sua tenda, sem nem me importar com o que tinha ali, encontrei uma garota de uns vinte anos, cabelo claro, olhos azuis, sua pele também clara, corpo pequeno, deveria ter no máximo um metro e sessenta, era magra, apesar de estar com um vestido, suas formas eram delicadas, discretas até, nada exuberante nem extravagante, e ainda assim, era linda. Ela me olhou assustada e se encolheu em um canto, me aproximei dela que começou a chorar ainda mais, lembrei da bruxa, ela deveria ser sua filha que fora seqüestrada fui até ela e falei:
–Shiii!! Calma, não vou machucar você!
Ela me olhou desconfiada, chorando muito, disse:
–Quem é você e o que quer aqui?
–Sou Mariana, me desculpe, sou o motivo por você estar aqui, nessa encrenca toda.
–Como assim? Você é humana.
–Sim, mas pelo que sei, sou a sósia da vampira que eles querem trazer de volta, te seqüestraram para trazer sua mãe, então é minha culpa.
–Não se martirize, nem se culpe, essa história é antiga, antes de você e de mim, você não a conhece, mas eu sei de cor, e acredite se não fosse você, seria outra, na verdade ninguém tem culpa de nada, apenas esses monstros desgraçados que acham que podem brincar com a vida dos outros.
–Por que você esta chorando, está machucada?
–Não, é que não agüento mais, estou presa há dias, sendo levada de um lado para outro, pra cima e pra baixo, eles me drogam, me acordam, e depois me drogam novamente, às vezes acho que estou enlouquecendo, e nem a minha mãe eu não posso ver mais, só sei que ela está viva por que um amigo dela veio aqui e me disse, estou super preocupada!
–A querida, eu sinto tanto!
Sentimos o vento mudar e logo a vampira estava conosco, seu olhar sombrio, olhos vermelhos e expressão de pura raiva fez meu coração disparar, rapidamente segurei a garota e a coloquei atrás de mim, a vampira riu com sarcasmo e disse:
–Acha mesmo que pode me deter?
Então quando dei por mim, estava sendo arrastada para fora da tenda, pelos cabelos, a garota começou a gritar por socorro, mas ninguém vinha, a vampira parou e disse:
–Deixe de ser tola, eles foram caçar, já estão longe há essa hora, não perca seu tempo.
Ela me olhou e eu falei sem som, apenas mexendo meus lábios: fuja!
A Vampira seguiu me arrastando e me jogou de qualquer jeito na tenda, ouvi os passos apressados da garota, mas ao contrário do que pensei a vampira a ignorou completamente apenas disse:
–Garota inútil, vai ser devorada na mata, já vai tarde! Meu assunto agora é com você!
Ele veio em minha direção e me levantou pela cabeça, senti meu pescoço estalar e achei que seria minha morte, ela riu de meu medo e fui arremessada novamente, pegou meu braço e foi apertando lentamente, me causando uma dor insuportável, a cada grito que eu dava, ela ficava mais feliz, cantarolou:
–Agora você não me escapa, não tem ninguém aqui pra te salvar!
Senti o estalo, meu braço foi quebrado, a dor alucinante, se ela continuasse assim esmagaria tudo, então ela soltou meu braço e veio lentamente ao meu pescoço, colocou meu cabelo para trás e disse:
–Tenho que admitir que você cheira deliciosamente bem, agora que aquele cheiro de cachorro não está mais em você! Hum, acho que não tem problema eu provar um pouquinho!
Ela passou a unha em meu pescoço e senti um filete de sangue correndo, quente e rápido, ela lambeu com sua língua gelada e balbuciou:
–Delicioso! Deixou-me com sede, mas antes, adoro brincar com a comida!
Mais uma vez ela me jogou, senti minhas costelas reclamando, se não quebrei foi por pouco, bati o rosto na cadeira e senti ficar ardido, provavelmente teria hematomas, ouvi o barulho de duas rochas se chocando, foi tão forte que por impulso levei as mãos aos ouvidos, me causando mais dor em meu braço. Vim um vampiro em posição de ataque, era o mesmo do carro, que havia me sedado, a vampira voou contra ele, que em um movimento rápido girou no ar e arrancou sua cabeça, mas dois vampiros entraram levaram o corpo, ele se aproximou de mim, me encolhi de medo, ele falou:
–Não vou te fazer mal, vou cuidar de seus machucados.
–Como você ...
–Calma você está machucada e fraca, precisa poupar energias.
Nesse instante um vampiro voltou e disse:
–Tenho péssimas noticias: uma das humanas fugiu, e como ela está camuflada pela bruxa não conseguimos sentir o cheiro dela.
–Procurem, ela não deve ter ido longe, talvez alguns quilômetros, faça uma busca pelo perímetro. Ouça o coração dela, o barulho na mata, afinal você é um vampiro ou na é?
–Fomos informados que um avião particular desceu em uma das pistas clandestinas a cento e setenta quilômetros daqui, com vampiros e humanos, mas não eram humanos normais.
Senti as mãos frias em meus braços e rosto, ele ouvia e mexia em mim atentamente, logo ele parou e disse:
–Pegue os que ainda estão por aqui, eles não podem chegar perto dela, temos três dias, teremos que agüentar Lucius só virá no terceiro dia, se a perdermos ele nos mata.
–Eles foram à cidade, é a noventa quilômetros, eles foram caçar, já que as florestas só tem animeis fedorentos e poucos guerrilheiros.
– Quantos ainda ficaram conosco?
–Doze contando conosco, nove foram à cidade?
–Quantos vieram no avião?
–Oito vampiros e quatro humanos, acho que são os transmorfos.
–Ótimo, pegue os nove e arme uma emboscada, tente agüentar o máximo possível, não os subestime. Não os traga para cá, não podemos nos arriscar.
–E quanto à garota que fugiu?
–Não se preocupe, ela é inofensiva.
Apesar de estar tonta, fiquei totalmente ciente do que eles falavam logo o vampiro se aproximou de mim com uma seringa, ela iria me drogar novamente.
–Não, por favor, não quero mais dormir. –Disse chorando pela dor, compulsivamente.
–É necessário, vou ter que por o osso do braço no lugar, você vai sentir muita dor.
Então o vampiro voltou e disse:
–Mestre, mais uma coisa.
–O que?
–Devemos deixar sobreviventes?
Meu coração disparou, ele notou, me olhou e disse:
–Mate todos eles!
–Jake! – Eu gritei e a escuridão me tomou novamente.



POV SAFIRA

Correr era só o que eu conseguia fazer, nem pensei direito, deveria ter ficado na caverna e ter ajudado Mariana, mas o que eu poderia fazer, a Eleonor é bem mais forte que nós duas juntas, elas nos mataria muito fácil se quisesse, então corri. Sair da caverna foi à pior parte, a parede íngreme não ajudou muito, mas não agüentava mais aquele lugar, me esforcei e consegui.
Ouvi os gritos de Mariana de longe, vi um e logo um barulho muito forte parecendo rochas se partindo, caí no chão com as mãos nos ouvidos, estava me sentindo fraca, muito franca, meu corpo não agüentava mais tanto estresse e tanta adrenalina. De repente a floresta ficou silenciosa, ao longe vi a caverna, uma fumaça roxa saía de dentro dela, o cheio de insenso trazido pela brisa da noite, me deu mais medo ainda. Me senti sendo observada tentei correr mais ainda, podiam ser os vampiros de Lucius, pois ele foi caçar mas com certeza deixou seus guardas.
Sem perceber acabei me jogando em um penhasco, nem vi que a terra aos meus pés acabara, vi a altura em que caía e fechei os olhos, esperando minha morte. Senti mãos frias me agarrando e me senti flutuar, meus olhos ainda fechados, mas podia sentir o hálido gelado em meu rosto, que era um vampiro eu não tinha dúvidas, mas por que eu ainda estava viva?
–Abra os olhos criança. Sou eu, Rafael, vim te ajudar.
Quando meus olhos se abriram e encontraram os olhos vermelhos senti tamanha felicidade que num impulso o abracei forte, fazendo-o ficar tenso, devido a meu cheiro, ele disse:
–Se acalme, temos que ser rápidos.
–Onde está minha mãe? Ela veio com você?
–Não, ela está no fundo da caverna, saí por cima para não ser notado, nós ouvimos o que aconteceu, ela aproveitou sua fuga e me pediu para ajudar.
–Mas se ela não vem, ela vai morrer!
–Calma criança, eles precisam dela, pelo menos até o ritual, ela tem um plano.
–Que plano é esse? Ela só pode estar louca, eles são muitos!
–Ela sabe o que está fazendo!
–Por favor, me diga o que é!
–Ela disse que o lobo Alpha vai vir salvar sua amada, então vamos ajudá-lo a matar Lucius, só assim ficaremos livres, se não ele nos perseguirá pela eternidade.
–Isso é arriscado, apenas vocês e um lobo? Como assim um lobo?
–Não, sua mãe acha que tem um clã de vampiros que veio para ajudar, sua mãe mandou os lobos os procurarem, na verdade são transmorfos.
–Me fale mais deles, nunca ouvi falar.
–Sim, mas agora temos que ir, eles vem do norte, temos que encontrá-los.
Ele se pôs a correr comigo no colo, apenas sentia o vento em meu corpo, após alguns minutos paramos, ele me colocou em suas costas e mandou eu me segurar, ouvi um barulho de galhos quebrando, olhei por cima de seu ombro e vi vários vampiros se aproximando. Seus olhos amarelos, suas expressões sérias, mas nem de longe se parecem com aqueles selvagens com quem passei todos esses dias.
–E não somos.
Um deles respondeu, Rafael disse:
–Vocês são os Cullens?
Um homem loiro tomou a frente e disse:
–Sim nós somos.
Então o que eu menos esperava aconteceu, quatro lobos enormes saíram da mata, um de cada cor diferente, eles nos olharam diretamente, vieram em nossa direção, eu falei baixinho, mas sei que eles ouviram:
–Rafael, esses lobos são enormes! Ah meu Deus!
Fiquei tão admirada que nem me dei conta do resto, Rafael e o vampiro começaram a conversar, ele falou algo sobre minha mãe e falou sobre Mariana, o lobo castanho-avermelhado ficou nervoso, rosnou, deveria ser o namorado dela, o Alpha.
–Ele é! – Respondeu novamente o vampiro com cabelo cor de bronze, eu falei mentalmente:
–Você é telepata?
–Sim
Ele olhou para o lado, onde tinha um lobo cor de areia, notei que o mesmo não tirava os olhos de mim, meu coração disparou e num impulso sair de trás de Rafael, para ir alcançá-lo, mas obviamente que Rafael não gostou em me segurou, fazendo o lobo rosnar em protesto, falei;
–Me larga Rafael, eu quero vê-lo de perto!
–Safira, os lobos são instáveis ele pode te machucar!
–Não se preocupe, eles são bem controlados, se não você já estaria morto. – Disse o líder dos Cullens.
Rafael me soltou e fui direto ao seu encontro, seus olhos negros como a noite me encantaram, uma mistura de sentimentos invadiu meu corpo, levei minha ,mão tremula a seu rosto, e afaguei sua face, ele fechou os olhos, falei:
–Tão quente tão macio! Você é real ou é fruto de minha cabeça que anda meio louca com tudo que está acontecendo.
–Ele é real, alguém disse, Seth se transforme, ela precisa te ver na forma humana.
O lobo saiu de perto de mim e sumiu em meio às árvores, logo um homem veio de lá: alto, forte, pele bronzeada, cabelos curtos, feições juvenis e os mesmos olhos negros do lobo. Ele sorriu ao me ver, não tive como deixar de retribuir, ele se aproximou de mim, tocou minha face com suas mãos quentes, seu cheiro delicioso me deixou zonza, ele disse:
–Você é linda!
Senti minhas bochechas esquentarem, meu coração aos pulos, falei em um fio de voz:
–Você é mais!
Ele sorriu e muito rápido me segurou no colo, me girou no ar, fazendo com que eu me agarrasse a ele, ouvi uma gargalhada de alguém, com certeza um dos vampiros, senti sua respiração em meu pescoço e olhei seu rosto tão próximo ao meu, ele olhou minha boca e eu mordi meu lábio, então nos beijamos.
Outra gargalhada foi ouvida, então alguém disse:
–Esse é dos meus não perde tempo.
Fiquei com tanta vergonha que enterrei minha cabeça em seu pescoço. E ficamos assim por um tempo, ele me levou para perto do rio, me ajudou a beber água e me refrescar um pouco, fazia muito calor e sua temperatura alta deixava as coisas piores. Logo uma mulher baixinha de cabelos negros veio e disse:
–Seth, precisa tirar ela daqui, volte para o aeroporto e nos espere lá.
Vi nele dúvida e hesitação, ele queria estar comigo, mas também queria ajudar seus amigos, ela também viu isso e falou:
–Sei que quer ajudar, mas eu vi que onze vampiros estão vindo nos encontrar, eles estão vindo de vagar, querem nos esperar no meio do caminho, é uma emboscada, não quer por a sua impriting em risco, quer?
–Não, mas Jake precisa de mim.
–Seth, ele vai entender, se quiser, deixe-a e quando ver que está segura, volte.
–Ok, Vou me transformar.
Olhei para a pequena vampira que sorriu pra mim, ela disse:
–Safira não é?
–Sim, e deve saber por que!
–è um belo nome!
–Não se preocupe, ele é um ótimo lobo, vai estar segura com ele.
–O que é impriting?
–Ele vai te contar não se preocupe, agora vá, eu te ajudo.
Logo o lobo veio e ela me ajudou a subir em suas costas, segurei firme em seus pelos para não cair, um vampiro loiro se aproximar, ela ficou parada com os olhos fora de foco, ele disse:
–O que foi Alice?
–Vá Seth, mas não pro aeroporto, vá pra sudeste, eles se separaram, vá rápido. Eles estão vindo temos que nos preparar!



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