Capitulo V

Alguns dias depois...

Hoje faz cinquenta e cinco dias que estou em La Push, nesse período não aconteceu muita coisa. Não fui mais ao cemitério, não tive coragem, acho que se for lá novamente vou ter outra crise e não quero deixar minha tia preocupada, também não vi mais Benjamim, depois daquele dia ele desapareceu, sei que Davi e Matheus falam com ele, Sarah me disse que eles se vêem sempre, mas ele não aparece mais. Não saio muito de casa, não tenho ânimo, fico mais no quarto, no meu notebook, apesar de eles serem gente boa, não estou de bom humor, fico irritada facilmente e não quero ser grosseira com ninguém.
Minha tia Renesmee veio me ver umas duas vezes, na verdade ela é muito jovem, até de mais para ter um filho da idade e tamanho de Benjamim, ela é muito bonita e simpática, meu tio é apaixonado por ela, até um cego vê isso. O que achei estranho é que continuo com febre, minha tia Raquel parece preocupada, mas não fala mais no assunto. Ela não chamou mais o doutor, depois daquele dia comecei a tomar os remédios que ele receitou e estou dormindo melhor, me sinto mais forte, também estou crescendo, minha tia disse que ainda estou em fase de crescimento, mas parei quando tinha quatorze anos, na verdade venho crescendo depois disso, mas pouco, agora algumas roupas não me servem mais e me sinto um pouco mais alta. Meus sentidos também estão mais aguçados e tenho a nítida sensação de que minha família me esconde alguma coisa.
Nesses dias sonhei com Benjamim sempre, a imagem de seu rosto moreno e olhos verdes não saem da minha cabeça, penso nele em todos os momentos, desde que acordo até quando deito novamente, preciso fazer algo, se não vou enlouquecer.
Hoje à noite teremos a “Noite da fogueira” como eles chamam. Moira me disse que nos reunimos com os anciões que contam as histórias da tribo, minha mãe me contou algumas, mas tenho certeza que ela pulou a maioria. Nesse momento tia Raquel está preparando um monte de comida, para levar a praia e eu e minhas primas estamos nos arrumando, é a primeira vez que vou sair desde que cheguei aqui. Joshua tem sido um bom amigo, vem me ver todos os dias, me convidou para ir ao cinema e jantar, mas não tenho ânimo, sinto muita falta de meus pais e não quero ficar falando nisso o tempo todo, mas a saudade é grande, dói muito e isso não faz de mim ima boa companhia.
Preparamos-nos para sair ajudamos minha tia a carregar as coisas, eram algumas travessas com bolos e pães, também uma torta e molho para cachorro quente. Andamos conversando amenidades pela pequena trilha que nos levava até a praia, fomos em direção aos penhascos onde uma grande fogueira fora acesa, tinha uma barraca onde a comida era colocada e alguns troncos de árvores dispostos ao redor da fogueira. Algumas pessoas já estavam ali, entre ela Emilly, Sam, Joshua, Aline, Kim, Jared e Tayler que quando viu minha prima Sarah veio correndo em nossa direção a recebendo com um grande beijo. É incrível como alguns casais aqui são apaixonados e demonstram tanta devoção em seu olhar que tenho que admitir: é amor verdadeiro.
Chegamos ao local marcado, organizamos as mesas e fomos nos sentar, fiquei ao lado de minha prima Moira, ela não tem namorado, apesar de visivelmente gostar de Joshua, e ele, para meu maior desgosto, ficou ao meu lado, nem deu menor atenção a ela. Aos poucos outros foram chegando: Seth e Marcy, sua esposa, e suas filhas: Clara e Ana Luiza, também chegaram Leah e Embry, esses eu ainda não conhecia, mas assim como Seth e Marcy eles vieram a La Push especialmente para essa reunião, que segundo minha tia ocorria poucas vezes por ano e era considerada muito importante.
Fiquei ansiosa, o fato de meus tios e primo ainda não terem chego estava me incomodando, Jacob tinha certa autoridade ali e enquanto ele não chegasse à reunião não começaria. Conversamos amenidades e eu tentei inutilmente aproximar Moira de Joshua, mas como disse, inutilmente, pois ele estava visivelmente interessado em mim, nem fazia mais questão de esconder isso, o que me deixava muito constrangida. De repente senti um cheiro diferente, ultimamente sentia melhor o cheiro das coisas, e não soube ao certo que cheiro era só que era inebriante, um cheiro convidativo que fez meu coração disparar e minha respiração acelerar. Joshua percebeu minha inquietação e ficou tenso ao meu lado, ele olhou na direção em que o cheiro vinha e falou totalmente contrariado: - Benjamim, ele e seus tios estão chegando.
Achei estranho, por que estou sentindo o cheiro de Benjamim agora e por que meu corpo está reagindo assim dessa maneira a ele, não basta ele estar atormentando meus pensamentos? Em poucos instantes meus tios e ele apareceram em meio a uma trilha que vinha da vila, eles estavam os três de mãos dadas, minha tia no meio, parecendo menor ainda entre eles. Automaticamente olhei em sua direção, mais uma vez nossos olhos se encontraram e me perdi naquela imensidão verde, e mais uma vez ele desviou os olhos, se focou em outra coisa, me deixando angustiada.
Afinal de contas qual é o problema? Deve ser eu por que ele é totalmente indiferente a mim, então ele é meu primo, deve me ver como sua irmã ou algo assim, mas se é isso, por que eu vejo que ele sofre quando me vê? Seus olhos brilham e ficam tão intensos que parecem poder ver minha alma. Fui tirada de meus devaneios por Joshua, falando calmo e doce ao meu ouvido:
-Terra para Jully!
Assustei-me, olhei seus olhos negros e cheios de expectativa e a única coisa que consegui sentir foi raiva, por ele ter atrapalhado meu raciocínio. Nem me dei ao trabalho de responder, levantei e fui sentar do outro lado, entre as pernas de minha tia Raquel, meus tios estavam ao lado dela, e Benjamim se dirigiu para o lugar onde eu estava, passou por mim sem nem me olhar, sua expressão continha uma raiva que não sei de onde saiu, mas ele se controlou e finalmente sentou ao lado de Moira, olhando diretamente para o pai dele e ignorando completamente minha existência.
Meu tio começou a falar:
-Boa noite caros amigos, gostaria de dizer que é um prazer estar novamente aqui na presença de vocês, em nossas terras. A todos aqueles que já ouviram as nossas histórias teremos um reforço de nossa cultura e tradição, e para Jully, Scott, Lenon, Mark e Fernando: sejam bem vindos! É a primeira noite da fogueira de vocês, estão aqui por um motivo e logo cada um ao seu tempo vai descobrir qual é, não é algo que se conte, é algo que acontece, e pelos sintomas de vocês, descobrirão em breve o que vem por aí.
Todos ficaram em silêncio, nesse momento vi Benjamim me olhando, seus olhos eram tristes, ele não falava nada, mas por um instante me olhou com carinho que desapareceu automaticamente quando ele notou que eu o encarava. Meu tio continuou:
-Gostaria de comunicar a todos que os Cullens foram embora hoje, infelizmente, apesar de terem nos provado que são de confiança e bons aliados, a presença deles aqui nos trás muitos problemas, interfere na vida de muitas pessoas e sabemos o quanto isso pode ser complicado e até mesmo desastroso para algumas pessoas, pois cada um lida com as coisas de maneira diferente.
Não estava entendendo absolutamente nada do que ele estava falando, deitei minha cabeça no colo da minha tia, que começou a fazer acarinho em meus cabelos, me concentrei na voz de meu tio, que logo começou a contar as histórias, e eram várias, do dilúvio, dos lobos, dos frios e do impriting, nessa hora abri os olhos e Benjamim estava me olhando, mas ao contrario das outras vezes, ele não disfarçou, continuou me encarando e meu coração quase saiu pela boca. Senti a mão quente de meu tio tocando em meu ombro, logo ele perguntou:
-Você está bem querida?
Senti meu rosto esquentar, minhas bochechas queimarem, apenas concordei com a cabeça e ele prosseguiu. Logo que as histórias acabaram levantei e fui até a barraca de comidas, minha tia veio comigo e começou a servir a todos, meu tio veio em minha direção e disse:
-Então Jully, o que achou das nossas lendas? Sua mãe já tinha te contado?
-Sim, algumas delas, mas nem a metade, é impressionante.
-Que bom que você gostou, pois essas lendas são parte do que nós somos não se esqueça disso.
-Ok
Olhei ao meu redor e vi Benjamim conversando com uns garotos, ele fingiu não me notar, o que me deu muita raiva, resolvi acabar com essa palhaçada, fui até lá, direto a quem me interessava, parei no meio deles, olhei no fundo de seus olhos verdes e falei:
-Benjamim, posso falar com você?






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