BENJAMIM
__Filho, precisamos conversar!
Olhei meu pai totalmente constrangido, ele deveria achar que sou imaturo e não sei controlar meus sentimentos, subi em uma pedra e sentei de frente pro mar, fui me acalmando aos poucos, ele veio e sentou ao meu lado me dando tempo, ele sabia que eu falaria por mim, então não disse nada. Depois de vários minutos falei:
__Desculpe, deveria ter me controlado, mas não consegui.
__Você teve a impressão com ela?
__Acho que sim, não sei.
__Como não sabe? Eu vi como reage a ela, o que mais pode ser.
__Você não entende, não é tão simples assim.
__Me explique, acho que posso te acompanhar.
__Pai, eu to com medo, não quero matá-la.
__E por que você faria isso?
__A sede.
__Como assim?
__Ela é minha Cantante, assim como minha vó foi do meu avô, eu tenho medo de não resistir e matá-la.
Meu pai ficou pensando, dirigindo o que falei, ele sabia que eu poderia matá-la se não me controlasse, esse meu lado vampiro me deixava tão perigoso quanto minha família, ele tinha essa consciência, apesar de nunca ter matado um humano na minha vida, dessa vez eu estava correndo sérios riscos de fazer isso. Então ele disse:
__Você acha que não consegue se controlar? Se ela for seu impriting vai conseguir.
__Eu não sei. Acho que vou me afastar dar um tempo, talvez seja melhor assim.
__Sabe, as coisas podem mudar.
__Como assim?
__Falei com Carslaile no carro, ele me disse que ela está com os sintomas da transformação, ela vai mudar, o cheiro dela já está sutilmente diferente, e logo ela será uma loba, será forte o suficiente pra você, assim como sua mãe é pra mim.
__Por que você acha isso, achei que Leah fosse a única.
__Depois de Leah, Jully é a primeira, ela é da nova geração de lobos, o que me leva a crer que em cada geração de lobos haverá uma loba, é o mais provável.
__Isso torna as coisas mais complicadas pra mim.
__Por que filho?
__Bom, se ela virar uma loba, vai saber o que sou, além de provavelmente não se aceitar, vai me rejeitar também, pois eu tenho uma parte vampiro, sabe que muitos lobos não me aceitam.
__Ela não vai te rejeitar, ela foi feita pra você.
__Como pode ter tanta certeza?
__A magia não erra, sua mãe é parte vampira, eu deveria odiá-la e sabe muito bem que não vivo sem ela.
As palavras de meu pai faziam muito sentido, mas não posso vacilar, tenho que ser coerente, tenho que agir com a razão, falei:
__Tudo bem, você pode estar certo, mas preciso de um tempo. Joshua ficou interessado nela, não vou agüentar se ela corresponder.
__Ok, você quem sabe, respeito sua decisão. Agora vamos pra casa?
Levantamos e voltamos pra casa, minha mãe estava fazendo um bolo, nós comenos e conversamos muito, nós três, depois fui pro meu quarto e fiquei pensando na vida, nem de dei conta e acabei dormindo, sonhei com Jully o tempo todo.
Alguns dias depois...
Hoje minha família de vampiros iria embora, meu pai conversou com eles e pediu gentilmente que eles voltassem para Suécia, pois além de Jully outros garotos estavam com os sintomas da transformação. Nesses dias não falei mais com ela, sabia dela através de meus primos e de a via o tempo todo na mente de Joshua, o que me deixava ainda mais irritado, ele já sabia sobre o impriting e jogou na minha cara que eu era perigoso pra ela, que ele seria a melhor opção, meu pai mandou que agente parasse de brigar e eu fiz, acertei minhas rondas e não encontrei mais com ele, mas David me contava quando ele ia vê-la, me mostrou quando ela perguntava por mim e o quanto ela ainda sofria, meu coração ficava apertado cada vez que via aquele rostinho sofrendo, mas ainda não estava preparado.
Depois de levar todos ao aeroporto fomos para La Push, teria festa na fogueira e fiquei ansioso de mais, pois iria vê-la, minha mãe notou, mas não disse nada e quando descemos do carro ela pegou minha mão. Fomos andando pela trilha e logo vários cheiros me atingiram, inclusive o dela, não sei dizer ao certo, ainda ardia minha garganta, mas estava menos doce, mais selvagem, um leve teor de canela e hortelã. Ou vi a voz do Joshua dizendo:
__Benjamim, ele e seus tios estão chegando.
Quando ela entrou em meu campo de visão vi que Joshua estava ao seu lado, sua mão quase segurando a dela, vi que ela me olhou mas desviei meus olhos, fiquei com tanta raiva que nem olhei mais, na verdade eu estava com ódio, tive vontade de arrancar a cabeça daquele lobo. Principalmente quando ele se aproximou do ouvido dela e murmurou alguma coisa, mas pra minha felicidade ela levantou visivelmente irritada e veio em nossa direção, levantei na mesma hora e fui para onde ela estava antes, ficando ao lado de um Joshua que bufava de raiva, adorei!
Meu pai começou a falar e a reunião correu normalmente, depois de algumas horas ele e os anciões já tinham contado todas as lenda, Jully sentou com a cabeça no colo da tia Raquel e fechou os olhos, ela ouvia tudo perdida em seus pensamentos, me permiti analisá-la: Estava mais forte, com o corpo mais cheio, quadril mais largo, braços e pernas mais forte e o peito bem maior também, quase o dobro do tamanho. Na altura ela cresceu uns quinze centímetros.
Quando ela abriu os olhos desviei os meus no mesmo instante, meu pai perguntou se ela estava bem e depois ficaram conversando, levantei peguei um refrigerante fui falar com os garotos, senti seu cheiro se aproximando, ela veio direto a mime disse:
__Benjamim, posso falar com você?
Não esperava por isso, seu cheiro entrou em meu nariz, fazendo minha garganta arder, mas não tanto quanto antes, ela é corajosa, tenho que admitir que gosto disso, falei:
__O que você quer?
__Já disse, quero falar com você!
__Então fale.
__Em particular, vamos andar um pouco? Não se preocupe, eu não mordo.
Ela foi em direção ao grande penhasco e eu a segui, vendo meu pai me olhando seriamente, como que me avisando pra me controlar. Minha tia Raquel falou pra ele:
__Isso pode não dar certo, você tem que ficar de olho.
Então ela parou de andar de costas pra mim, num movimento rápido virou de frente e disse:
__Por que você me odeia?
Como ela podia pensar uma coisa dessas? Eu não a odeio, eu a amo, será que ela não entende? Falei:
__Quem te disse isso? Ou você adivinhou sozinha? -Fui sarcástico para disfarçar o quanto fiquei magoado com o que ela falou.
__Ninguém me disse nada, e nem precisa, não sou burra, vejo como você me olha, o jeito que reage a mim, sempre tem muita raiva e muito medo em seus olhos. Do que você tem medo?
__Não tenho medo de nada! – Menti!
__Você está mentindo!
__Não, não estou!
__Então, simplesmente me odeia?
__Eu não odeio você. – Na verdade eu me odeio por ser o que eu sou e não conseguir ficar perto sem sentir sede, eu sou um monstro!
__Por que me despreza tanto?
__Não te desprezo. --Tinha que ser duro e acabar com isso logo.
__Por que tanta distância? Desde que cheguei aqui você me evita, nem aparece mais na casa da minha tia.
__Não tenho nada pra fazer lá.
__É por minha causa?
__Não, o mundo não gira em torno de você garota.
__Então o que?
__Já disse, não tenho nada pra fazer lá. É melhor agente voltar, seu namorado esta ficando impaciente, ele deve estar te procurando.
__Eu não tenho namorado.
__Não é o que parece.
__Como você sabe? Você não me vê há quinze dias, o que você sabe sobre mim?
__Mais do que você pensa!
__Há há, que legal, você sabe mais de mim do que eu penso? O que, por exemplo?
__Não posso contar, sinto muito, mas vai ter que descobrir sozinha.
__Há, você não diz coisa com coisa.
__Tenho que ir, sinto muito.
__Como assim? Você não respondeu nada que eu perguntei.
__Já disse, vai ter que descobrir sozinha.
__Mas você me odeia?
__Não, definitivamente não odeio você. – Falei o mais sincero que pude, ela me olhou e disse:
__Então?
__Então o que?
__Podemos ser amigos? Você poderia aparecer de vez em quando, agente pode conversar se conhecer melhor.
Ela pegou minha mãe e continuou:
__Não me pergunte como, ou por que, mas eu gosto de você, quero ficar perto, preciso disso, me deixe ser sua amiga, me deixe fazer parte da sua vida, por favor.
Seu cheiro me invadiu mais uma vez, a vontade de tomá-la em meus braços era sufocante, mas a sede ainda estava lá, eu ainda era perigoso, falei:
__Acredite, não devemos ser amigos.
__Por quê?
__É melhor assim.
__Quem disse?
__Eu estou dizendo.
__Você não pode decidir as coisas por mim.
__Não eu não posso, mas posso por mim.
__Então é isso?
__Jully, por favor, não torne as coisa mais difíceis do que elas já são.
__Você quem está fazendo isso. Por quê? Você se acha tão importante e tão especial que não pode ser meu amigo? O que foi, sou tão insignificante assim pra você?
__Você não sabe o que está falando.
__Então me diga!
__Não!
__Me diga a verdade! Eu quero saber!
__Eu vou embora.
Não podia simplesmente dizer tudo a ela, ela viraria uma loba e saberia as coisas mais sedo ou mais tarde, saí de lá e vi que ela ficou visivelmente perturbada, ouvi quando ela disse cheia de raiva:
__Eu odeio você Benjamim!