Não Existem Barreiras Para Amar



Por alguns instantes eu não fazia idéia de quem eu era ou onde estava apenas alguns sons chegavam aos meus ouvidos, pássaros cantando e a ausência de trânsito me indicava que eu estava longe de qualquer centro urbano. O som de um riacho ao longe e alguns animais bebendo água me mostravam que tinha vida selvagem a volta, por tanto, definitivamente longe da civilização. Abri meus olhos de vagar, mas a claridade me fez fechá-los novamente, minha cabeça latejava e sentia cheiro de sangue seco, provavelmente meu machucado já havia cicatrizado, mas não tinham limpado o sangue. Isso me fez pensar sobre o que aconteceu, forcei meus olhos e constatei o obvio: eu estava amarrada e amordaçada, jogada no chão de uma cabana precária no meio do mato, pelos vidros das janelas, que em sua maioria estavam quebrados, pude ver árvores e muito, muito sol. Definitivamente u não estava no Canadá, esse calor não era normal, principalmente para essa época do ano.

Então minha cabeça começou a funcionar: Onde estou? Quem me trouxe aqui? Quanto tempo eu fiquei desacordada? Cadê minha família? Eles estão me procurando? Qual objetivo disso? Eram tantas dúvidas, tantas perguntas, eu nem sabia por onde começar, e pior, nem como sair daqui. De alguma forma as cordas que me prendiam eram muito fortes, tanto que eu não consegui me soltar, na verdade eu me sentia fraca, e uma leve ardência percorria meu corpo, que estava vulnerável, quem quer que tenha me pego com certeza injetou algo em mim, e fez um bom trabalho.

Horas passaram e meu corpo não reagia, eu tinha esperanças de me recuperar e me soltar, rebentar as cordas e correr pra onde quer que fosse, mas ao contrário, eu me sentia mal, muito mau, como se não comesse a dias, como se meu corpo desidratasse aos poucos, e sabia que quem quer que fosse, viria logo e eu não teria nenhuma chance. Não sei em que momento eu dormi, pois quando me dei conta acordei assustada, ninguém apareceu pra me checar, nem ao menos me alimentar, eu estava simplesmente definhando sozinha, e acho que acabaria morrendo assim. Então como que com um fio de esperança a voz de Benjamim ecoou em minha cabeça, nossas lembranças invadiram minha mente, eu comecei a lembrar dele, da minha família, de minha amiga Jeh, e de todos que eu conseguia lembrar, meus pais, La Push, minha vida no Avaí, tudo se passava em minha mente, eu procurava manter a consciência assim, me apoiando nas lembranças e no amor que eu sentia por todas essas pessoas e novamente apaguei.

Uma leve queimação começou a percorrer meu corpo, iniciando pelo meu braço direito e percorrendo todo o resto como uma correnteza seguindo o curso de um rio, eu senti um cheio adocicado que não me era estranho e ouvi algum murmúrio, mas infelizmente não consegui ouvir minha voz ou me manter consciente por muito tempo, e simplesmente sucumbi aquela dor que se repetia dia após dia e eu nem fazia idéia e onde vinha ou como iria parar, mas ela sempre chegava com o anoitecer, e pelo que sei, ela se repetia, por pelo menos quatro dias a fio, toda noite, ela começava e durava até o amanhecer,e então em algum momento eu ficava levemente consciente, e via vultos, um rosto pálido, palavras desconexas, como se eu estivesse drogada ou como se um manto percorresse meu rosto, um véu que cobria minha face e então a inconsciência novamente.

Esse processo se repetiu inúmeras vezes, mas então tudo ficou pior, a queimação aumentou, meus músculos ficaram tensos e eu simplesmente me senti sendo fervida, como se meu interior estivesse mergulhado em lava incandescente e nada nem ninguém pudesse aplacar isso. Eu não ouvia mais nada, nem via mais ninguém, eu sentia dor, uma dor tão grande que minha vontade era simplesmente morrer, isso, morrer seria fácil, quem quer que esteja fazendo isso poderia ter a misericórdia de acabar com a minha vida, morrer seria bom, tão bom que nem me importaria de não ver mais as pessoas que amo, pois eu teria alivio e paz.

Aos poucos a dor foi diminuindo, muito devagar devo admitir, mas foi passando, eu comecei a sentir meus pés e minhas mãos, depois minhas pernas e aos poucos meu corpo foi ficando melhor, eu passei a ouvir melhor, minha percepção do ambiente foi melhorando, as coisas foram se encaixando novamente, eu senti que o que quer que esteja me causando tanta dor estava passando aos poucos, mas provavelmente seria um avanço lento, parecia que meu corpo lutava contra ele mesmo.

Então novamente o cheiro doce invadiu o ambiente e agora eu tinha certeza do que era: Vampiros, disso eu não tinha dúvidas, mas o que eles queriam de mim, e principalmente: o que eles querem de mim? Senti a aproximação iminente, com certeza alguém estava me checando e então pela primeira vez em dias eu ouvi um diálogo:
__Você realmente acredita que isso vai dar certo? O que te garante que quando ela acordar vai ser leal a você? Ou melhor, o que garante que ela vai acordar? Ou se não haverá seqüelas, você sabe que isso nunca foi feito antes, você pode ter criado um monstro pior que nós, sabe disso. – Disse uma voz feminina muito calma e muito sexy.
__Bem, minha cara, eu não posso prever o que vai ser quando ela acordar, mas sei que ela vai, o coração dela bate descompassado, então ela está se transformando, se não estaria cada vez mais fraco e não ao contrário, quanto a lealdade, talvez eu a consiga com um pouco de coação o hipnose, sabe que consigo hipnotizar alguns de nós, principalmente os mais fracos e se nada disso der certo, você nos camufla e nós fugimos, depois falamos dela para os Volture e eles a matam. – Respondeu o homem com uma voz fria e calculista, fazendo meu coração bater ainda mais rápido e claro que isso não passou despercebido por ele que disse:
__Você ouve? O coração, com certeza ela deve estar reagindo à transformação, ela é forte, mas se minha técnica estiver dado certo, a parte lobo dela vai perder e aí, nós teremos alguém muito útil em nossas mãos e bem, sempre tem um jeito de matar qualquer coisa que esteja “viva”.

Então eu senti novamente uma queimação em meu braço, que me fez gemer de dor, aquilo estava cada vez pior e até mesmo onde eu não sentia mais nada a ardência voltou, e mais uma vez fiquei inconsciente, porém, mergulhei no mundo dos sonhos:

O sol era radiante e o mar lindo e revolto como sempre, La Push era ainda mais linda no verão, quando não chovia nem ventava tanto e o verde da natureza se misturava com o azul escuro do mar, era simplesmente maravilhoso.
Eu andava distraidamente pela praia quando senti alguém se aproximando e instintivamente me virei e tive uma das melhores visões de minha vida: Benjamim corria em minha direção, seu sorriso incrivelmente lindo deixava seus dentes brancos a amostra e fazia meu coração acelerar, ele chegou em mim e carinhosamente me abraçou:
-Senti sua falta! Você sumiu, esqueceu de mim?
Senti todo sofrimento em sua voz, ele realmente parecia aflito e nesse momento me dei conta que sentia tantas saudades que meu peito parecia que explodiria então falei:
-Eu não sumi, jamais esqueceria você, eu te amo!
Dito isso selei nossos lábios e senti todo meu corpo reagir a ele, não precisamos de palavras, apenas carinhos, nossos corpos falavam por si só, nos reconhecemos como se nunca tivéssemos nos afastado então ele disse:
-Não esquece que te amo, independente de qualquer coisa eu sempre vou te amar!
Senti uma tristeza tão grande dentro de mim, nem sabia de onde vinha, como se meu coração se partisse e eu simplesmente não conseguisse respirar direito. Eu sabia que era um sonho, eu sabia que não era a minha realidade, mas mesmo assim eu sentia dor, uma dor tão real e tão forte que era assustadora, como se eu nunca mais fosse vê-lo ou como se eu fosse morrer a qualquer momento, então segurei seu rosto entre minhas mãos e disse:
-”Independente de qualquer coisa, eu te amo, você é minha vida, nunca, jamais, duvide disso” 

Senti meu corpo reagindo, a queimação praticamente diminuiu e então se concentrou totalmente em meu coração, batia freneticamente lutando contra tudo e contra todos, então ele deu uma batia oca e parou, por alguns segundos ele parou, e retomou seu ritmo lentamente, até bater ainda mais forte e mais rápido do que antes, então, eu abri os olhos...






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