Escuridão, era isso que eu via, era isso que eu sentia, mais uma vez perdi a noção do tempo e espaço, não sabia onde estava e principalmente como eu retornaria a minha vida, aliás, como era minha vida? Minha cabeça era um turbilhão de emoções e ao mesmo tempo um vazio escuro e assustador, eu me vi fraca, destruída, inerte. Eu sabia que tinha que reagir, em meu coração eu tinha total certeza de que havia alguém me esperando, mas quem?
Novamente eu sentia as labaredas passarem por meu corpo, e mais uma vez a dor da queimação foi intensa, por Deus, eu não pararia mais de queimar? As últimas lembranças que tinha eram de mim queimando, intensamente, então alguma coisa mudou, apesar de ainda me sentir perdida e totalmente inerte eu senti um cheiro adocicado e amadeirado, muito, mas muito familiar, mas que cheiro era esse? De onde eu Conhecia?
Após algum tempo que me pareceram horas, minha mente começou a ficar mais clara, mesmo ainda não conseguindo abrir os olhos, eu sabia que meu corpo finalmente estava reagindo, eu estava diferente, mas ainda assim me sentia a mesma, então, em um momento genuíno de consciência que durou poucos segundos eu lembrei, eu sabia de quem era aquele cheiro e e forcei imensamente a pronunciar aquilo que meu coração queria dizer:
__Benjamim, onde você está eu preciso de você!
Eu senti que ele se mexeu ao meu lado, sua voz era baixa e próxima ao meu ouvido, mas apensa esse movimento fez meu coração disparar e meu corpo reagir pela primeira vez pelo que acredito terem sido dias, ele disse também sussurrando, mas com tanta tristeza que partiu meu coração:
__Estou aqui meu bem, esperando você, por favor volte pra mim!
Pude sentir que ele chorava, e sim, eu queria voltar pra ele, eu precisava voltar, eu queria abrir meus olhos, mas simplesmente não conseguia, eles pesavam muito e me causava uma grande dor, então sussurrei novamente:
__Estou com medo, eu não acho o caminho, ainda estou queimando, dói tanto!
Então eu ouvi uma voz, que me era familiar, ele disse calma e pausadamente:
__Jully, abra os olhos.
Fiquei quieta, simplesmente não sabia como fazê-lo, meu corpo não reagia ao meu comando, será que eu ficaria cega? Eu será que meu medo era tão grande que estava me impedindo, mas uma vez o homem disse:
__Você não quer ver Benjamim? Não quer olhar o rosto dele?
__Sim. – eu murmurei, mas ainda sentia dor no corpo e medo do que eu poderia ver, e se eu estivesse toda queimada, pois aquele fogo não era normal, e se eu estivesse com marcar, meu corpo, meu rosto, mesmo a queimação tendo diminuído, ainda doía, o que eu faria? Será que ele me aceitaria com cicatrizes? Então outra voz falou:
__Você não está do jeito que pensa, o que sente é interno, mas por fora não existem mascar ou cicatrizes.
Seria possível isso ser verdade? Então eu lembrei que já tinha sentido o fogo antes e quando acordei estava inteira, talvez acontecesse novamente, e eu queria, eu precisava ver Benjamim, ter certeza de que ele era real e não um sonho, então em um grande esforço eu abri meus olhos e encontrei os dele, cheios de medo, e muito amor, Benjamim era mais lindo do que eu me lembrava, e foi como se acontecesse novamente, meu coração disparou e meu corpo reclamou por isso, a dor ficou mais intensa, mas eu não me importei, minha loba o reclamava pra mim novamente e então eu tive certeza, novamente nós tivemos um impriting, porém agora pra mim, mais forte e muito mais intenso que antes, eu o amava com todas as minhas forças e sabia que seria correspondida. Então ele me agarrou tão rápido que não pude evitar um gemido de dor, mas mesmo assim eu estava feliz em seus braços.
Benjamim
Ver aqueles olhos abertos novamente depois de tanto tempo me deixou tão feliz que num ato impensado eu me esqueci das dores que Jully sentia a abracei. Eu ouvi seu ganido de dor, mas não consegui largá-la, seu coração batia descompassadamente e ele estava me olhando tão fixamente que o meu correspondeu com a mesma intensidade. Meu avô colocou sua mão fria em meu ombro e me trouxe de volta a realidade, eu deveria largá-la, para que ela não sofresse mais, porém eu simplesmente não conseguia, então ele falou:
__Solte-a Benjamim, ela está sentindo dor, você não quer que ela sofra não é?
Diante daquele argumento eu não tive como não solta-la, mas pra minha maior felicidade ela continuou com os olhos aberto e me fitava intensamente, então meu biso começou a falar, foi um dialogo simples, mas ela se esforçava muito para responder ao que ele perguntava, então ele começou:
__Jully, como se sente?
__Cansada, muito cansada.
__Você ainda sente a queimação? Onde exatamente?
__Meu corpo ainda queima um pouco, principalmente abdômen e peito, minha garganta queima, dói.
Eu paralisei, Jully estaria com sede? Será que ela teve a genética alterada por conta do veneno que fora injetado gradualmente no corpo dela por dias e dias? Eu fiquei com medo de perguntar e nem precisei, meu avô olhou e assistiu com a cabeça, Jully estava diferente, como se fosse possível, ela estava mais pálido e ainda mais bonito, o corpo com mais curvas acentuadas e o cabelo com um brilho muito maior do que já tinha. Meu biso continuou fazendo perguntas e mais perguntas e ela respondendo aos poucos na medida do possível, então ele disse que ela ainda precisava desossar e que deveríamos deixá-la quieta. Novamente ela fechou os olhos e caiu na inconsciência, ela parecia exausta, então meu biso nos chamou para uma reunião ao lado de fora da casa, ele não queria que Jully nos escutasse então fomos todos e meu Vô ficou de olho no que ela pensava, e no momento, ela não pensava em nada, estava novamente inconsciente.
__Então Carlisle, o que está acontecendo com minha sobrinha? Não me esconda nada, por favor, eu preciso saber.
Todos estavam em silêncio ouvindo o que Raquel perguntava, ansiosos por uma resposta de meu biso, então ele passou a mão pelos cabelos e parecia cansado, como se finalmente mostrasse a idade que realmente tem, ele disse:
__Jully está se transformando.
__Em quê? – Mais uma vez Raquel foi mais rápida e perguntou.
__Bem, como todos sabemos pelo que pudemos verificar, ela recebeu uma dose diária de veneno de vampiro durante vários dias, por ter sido aplicado em doses mínimas, o veneno não a matou, mas sim possibilitou seu metabolismo acelerado de tentar se curar, e foi o que aconteceu com ela, os genes de lobos e vampiros não se misturam assim, de uma hora para outra, e por algum tempo os genes de lobo foram cedendo, devido a insistência da aplicação de veneno, por isso quando acordou da primeira vez, ela mais parecia uma vampira do que uma loba, pois naquele momento, a quantidade de veneno em seu organismo era relativamente grande, deixando esse lado mais aflorado, contudo, quando ela lutou com os vampiros, o corpo dela reagiu, produzindo adrenalina, seu coração passou a trabalhar muito mais rápido fazendo com que sua parte lobo reagisse, quando isso aconteceu, ela passou mal, pois lobo e vampiro travaram uma guerra dentro dela, e com isso a deixaram inconsciente.
Ele deu um tempo para que todo pudesse digerir o que nos foi dito, então continuou:
__Pelo que vejo e pelo que ela me disse, durante esses quatro dias de inconsciência o corpo dela vem lutando para se manter vivo, ambos os lados são fortes, mas assim como com Benjamim, o corpo de Jully encontrou um jeito de sobreviver a isso, o instinto de sobrevivência falou mais alto e logo ela acordara transformada.
__Em que doutor, em que ela irá se transformar?Ela vai ter necessidade de beber sangue? - Perguntou Raquel.
__Em uma híbrida, sim, provavelmente ela terá necessidade de beber sangue, assim como Benjamim.
Todos ofegaram, e eu não me controlei e perguntei:
__Como assim uma hibrida?
__Benjamim, meu caro ela será igual você, em todos os sentidos.